Carlos Chagas
O Solidariedade e o Pros, para engrossar seus quadros, estão oferecendo dinheiro do Fundo Partidário aos deputados que aceitarem deixar os partidos de origem, pelos quais se elegeram. A proposta é de pagar três reais por voto recebido pelo fujão, nas eleições de 2010. Pior do que a oferta, no caso, é a aceitação. Deveriam, os dirigentes dos novos partidos, ser presos junto com seus convidados.
O diabo é que entre os trinta outros partidos em funcionamento muito dinheiro já correu nas mesmas circunstâncias. Não parece impossível apurar toda a lambança, mas falta vontade política no Congresso e fora dele. O mensalão deu no que deu, ou seja, denunciado em 2005, ainda não levou ninguém para a cadeia. Nem a Polícia Federal, nem o Ministério Público, muito menos os Conselhos de Ética da Câmara e do Senado animam-se a enfrentar a questão. Vamos que os trânsfugas bem remunerados cheguem a cinqüenta, dobro do número dos mensaleiros sentenciados e não presos. Se o processo destes arrasta-se há oito anos, serão necessários no mínimo dezesseis para os outros. Até lá poderão ter perdido as eleições, mas, caso reeleitos, quantas vezes terão mudado de partido?
A única solução capaz de acabar com esse teatro de horror seria a cláusula de barreira, no bojo da reforma política. Como essa não virá, os partidos de aluguel estão garantidos. As operações de compra e venda, também.
A GRANDE DÚVIDA
A grande dúvida que paira sobre a sucessão presidencial é saber se o Lula resistirá às investidas de montes de companheiros empenhados em vê-lo disputar o palácio do Planalto no lugar de Dilma Rousseff. A presidente melhorou seus índices de popularidade, dispõe de 38% das preferências do eleitorado, conforme o Ibope. Atrás dela, Marina Silva com 16%, Aécio Neves com 11% e Eduardo Campos com 4%. Faz tempo que não incluem o nome do Lula nas consultas, mas certamente ultrapassaria os 50%, quer dizer, com vitória garantida no primeiro turno.
Não é apenas por conta desse resultado presumido que contingentes do PT rondam o apartamento do ex-presidente, em São Bernardo. A maioria queixa-se de Dilma, que quando atende seus telefonemas, no começo da noite, costuma perder o sono. No caso, de raiva, pelo tempo perdido em ouvir reivindicações e queixas. O Lula era mais complacente.
SERRA NO SENADO
José Serra quer disputar a presidência da República, mas sabe que não terá a menor chance se mudar de partido, passando para o PPS. Ser escolhido pelo PSDB, em convenção, parece muito difícil, mas trata-se de sua única saída. Como alternativa, poderá pleitear o Senado, sabendo das dificuldades por precisar enfrentar Eduardo Suplicy. Mesmo assim o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, prometeu-lhe todo apoio. Um temor ronda o ninho tucano, em qualquer das hipóteses: os paulistas vão mesmo empenhar-se pela candidatura Aécio Neves ou pretendem deixá-lo ao sol e ao sereno?(Tribuna Da Imprensa )
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