domingo, 29 de setembro de 2013

O desenvolvimento socioeconômico do Brasil e as lições de Lacerda


Flávio José Bortolotto



Sou um microempresário da construção civil, semi-aposentado, e nas horas vagas busco a explicação de sermos a sétima economia do mundo, só atrás de EUA, China, Japão, Alemanha, França e Grã-Bretanha (que em breve ultrapassaremos novamente), com um PIB de cerca de US$ 2.500 Bi.
Mas em Padrão de Vida (IDH), que é o que interessa, somos nº 84, bem atrás de vizinhos da América Latina menos industrializados, e para “horror” de alguns ilustres comentarista, atrás até da Cuba Socialista de Fidel Castro, nº 47 pelas tabelas da ONU.
LIÇÕES DE LACERDA
Meu primeiro grande professor de Economia Política foi o governador Carlos Lacerda,(UDN-RJ), cujos excelentes livros leio desde a juventude, pois meu pai era cabo eleitoral da UDN.
Carlos Lacerda nos ensina o erro econômico de D.Pedro II, que governou o Brasil 50 anos e manteve o mil réis (câmbio) supervalorizado e não industrializou o Brasil, apesar dos esforços do Barão de Mauá e outros abnegados.
D. Pedro II deixou Mauá ir a falência etc., para alegria do capital internacional, na época predominantemente Inglês. Com a República, se tentou industrializar e o dr. Ruy Barbosa, como ministro da Fazenda, usou o crédito soberano da nação, mas as forças contrárias (financeiras inglesas) e a falta de uma burguesia brasileira Iluminada levaram os planos à breca, com os acordos em Londres do presidente Campos Salles “renegociando” a dívida externa.
ESTABILIZAÇÃO COM POBREZA
Foi com a Revolução de 30, com o grande estadista Getúlio Vargas que se lançou e se avançou na industrialização, mas tudo à base estatal, o que não é muito produtivo. Os governos autoritários da Revolução de 64, principalmente o de Castelo Branco, com o economista Roberto Campos de ministro do Planejamento (nos ensina Lacerda, que fez a crítica), arrocharam demais os salários dos trabalhadores, enfraqueceram o mercado interno e deram regalias demais ao capital internacional.
Lacerda, que foi muito mais revolucionário que Castelo e Roberto Campos e demais ministros do governo, foi chamado na TV de “corvo” por Roberto Campos, que no fundo defendia a mesma política econômica de Campos Salles, estabilidade com pobreza.
Por isso, meu professor Lacerda acabou cassado e nunca chegou à Presidência da República. Meu pai achava que, sendo a 20º economia do mundo (à época), deveríamos ser também a 20ª em IDH etc. Conversávamos muito, mas não sabíamos explicar por que não era assim. Meu avô veio da Itália como colono sem-terra em 1880, foi para a colônia de Caxias do Sul-RS, onde compramos a longo prazo uma colônia 25-30 hectares.
NUNCA PASSAMOS FOME
Lá na Itália muitas vezes passávamos fome. Aqui nunca mais passamos fome. Meu avô criou 12 filhos, papai 6 e eu 3.  Meu pai era classe-média, eu me considero classe-média baixa e nós nunca mais passamos fome. Como pode o Brasil ter tanta pobreza e gente que passa fome?
O Brasil ganhou a Segunda Guerra Mundial, a Itália perdeu, mas hoje tem padrão de vida quatro vezes melhor do que o Brasileiro e ninguém passa fome lá, hoje.
Meu pai não conseguia me explicar e eu ainda busco essa explicação na Economia Política. Achada a solução, será fácil o conserto.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGNessa equação apresentada brilhantemente por Bortolotto, não somente devemos levar em consideração o despreparo e entreguismo da classe política e da elite, como também outro fator exponencial – o incrível crescimento da população brasileira,hoje a 6ª maior do mundo. Somente agora estamos atingindo a estabilidade (2,1 filhos por mulher) e a população vai até cair um pouco. Com investimentos em infraestrutura, educação, saúde e industrialização, facilmente chegaremos lá, se o nacionalismo voltar à moda, é claro. (C.N/Tribuna Da Imprensa ) .)

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