Carla Kreefft
É provável que o cidadão imagine que, assinando o documento, esteja obrigado a apoiar a candidatura de Marina Silva. Esse sentimento de obrigação não é confortável para nenhum eleitor. Quem adere ao Solidariedade, por exemplo, pode até vir a seguir as orientações de Paulinho da Força em relação à eleição de 2014, mas, certamente, não cai sobre ele o peso de ter que decidir seu voto tanto tempo antes da eleição.
LIBERDADE DE DECIDIR
Em outras palavras, Marina, sendo candidata antes de ter um partido, afugentou um segmento da sociedade – aquele que quer inteira liberdade para decidir seu voto. Seguindo o raciocínio da anterioridade das candidaturas em relação aos partidos e aos programas, não seria imprudente dizer que muitos políticos, com cadeiras no Legislativo e no Executivo, já manifestaram a intenção de caminhar com a Rede. Tem-se a impressão de que o futuro partido tem mais dirigentes do que base de sustentação. Aí fica difícil mesmo conseguir assinaturas.
Então surgem pedidos à Justiça Eleitoral para agilizar a conferência das assinaturas e não eliminar as adesões. Ora, se é para se admitir tudo, qual é o sentido da conferência? Marina Silva já negou, mas isso parece um “jeitinho”, parece mesmo.
Não há como a ex-senadora negar que o seu interesse maior é a candidatura presidencial. Ao pé da letra, a Rede, caso seja criada, será sempre lembrada como o partido fundado para abrigar a candidatura de Marina Silva à Presidência. Diante dessas constatações, cabe questionar o discurso de Marina, que sempre é mais voltado aos projetos coletivos do que individuais. Será que essa máxima foi observada por ela própria e por seus pares? Qual é o grande projeto da Rede para além de fazer Marina presidente?
É certo que as outras legendas que estão sendo criadas agora também possuem interesses eleitoreiros, como tantos outros que já estão estabelecidos há anos. Os partidos não possuem programas e plataformas. O que aponta para algum problema no sistema político-partidário brasileiro. E então surge a pergunta de sempre: e a reforma política? Ninguém sabe, ninguém viu.
Aliás, nem mesmo a minirreforma eleitoral foi vista nos últimos dias.(Tribuna Da imprensa )
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