Isabella Lacerda
(O Tempo)
Depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu no mês passado
liberar a propaganda eleitoral antecipada no Twitter, a presidente
Dilma Rousseff (PT) reativou sua conta na rede social, que desde 2010
estava esquecida. Do outro lado, os principais pré-candidatos ao Palácio
do Planalto, como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o
senador mineiro Aécio Neves (PSDB), aproveitam outra ferramenta, o
Facebook, para divulgar suas agendas diárias e opiniões sobre temas que
estão em pauta.(O Tempo)
O fenômeno do uso das redes sociais não é novo. Mas os reflexos dele no processo eleitoral – que oficialmente só começa no ano que vem – já estão sendo estudados por especialistas em internet e cientistas políticos. As análises são feitas do ponto de vista da agilidade com que as informações são trocadas. Enquanto, por exemplo, a presidente Dilma participa de uma agenda oficial, nas redes sociais circulam críticas e contrapontos a respeito do tema abordado. E o debate fica cada vez mais acirrado.
Não é por acaso que pesquisa realizada no ano passado pela empresa eCRM123, especializada em redes sociais, concluiu que, para 85% dos internautas entrevistados, as redes sociais são meios de comunicação adequados para discutir política. No entanto, 36% dos participantes acreditam que seus candidatos não são “interativos” nas redes sociais.
O cientista político da Universidade Federal de Juiz de Fora Paulo Roberto Leal acredita que o eleitor, apesar de mais “antenado”, pode “se perder” no mar de informações disponíveis online, já que para cada tema aparecem versões totalmente diferentes. “É tudo mais confuso, mas é possível separar o que é verdade e o que não é buscando fontes confiáveis”, diz.
NUM CRESCENDO
Leal ressalta, no entanto, que a tendência é que as respostas “imediatas” sejam ainda mais comuns no ano que vem. “O número de pessoas que usam a internet aumenta a cada dia. Então a velocidade com que a informação circula e os temas tratados também serão ampliados. Basta ver como isso funcionava nos pleitos anteriores”, explica.
Também cientista político, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com experiência em projetos sobre internet Marcus Abílio Pereira garante que essas ferramentas online vão contribuir para tornar os eleitores mais conscientes. “Nos meios tradicionais, as informações são mediadas, são interpretadas por quem escreve a notícia. Já, por exemplo, no perfil oficial de um candidato, o contato é direto, e a mensagem, clara”, explica.
CANDIDATOS CRIAM EQUIPES
A doutoranda em ciência política pela UFMG Érica Anita Baptista sugere alguns caminhos para filtrar as informações que circulam na rede. “Não podemos esquecer que as mesmas relações de confiança que estabelecemos no ‘mundo offline’ também podem se repetir na internet. Podemos acessar determinados conteúdos a partir de indicações de amigos, por exemplo”.
As campanhas eleitorais se preocupam em bombar a rede de informações sobre seus candidatos, mas a elas também interessa somente aquilo que for verdade. Por isso, equipes já estão sendo montadas para divulgar temas de interesse e opiniões dos postulantes. Nesse processo, os chamados militantes dos partidos também têm papel essencial por conseguirem alcançar um público ainda mais amplo na rede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário