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Eike Batista
O empresário Eike Batista

RIO DE JANEIRO - O grupo EBX de Eike Batista está desmoronando como um castelo de cartas, obrigando o excêntrico ex-multimilionário a acelerar a venda de ativos e a busca por investidores para tentar manter seu império de mineração e de energia.

Em três anos, o valor das empresas de Batista, que já chegou a ser o homem mais rico do Brasil, caiu em 98 bilhões de reais, a menos de 6 bilhões.

Suas empresas, que trazem a letra X para "multiplicar seus lucros", prosperaram rapidamente nos mercados financeiros em um Brasil em pleno crescimento em 2010 (+7,5%), com base em promessas de maior produção de petróleo e também graças a ajudas do governo, que lhe emprestou 10 bilhões de reais por meio do BNDES.

Em meados de 2012, enquanto a economia brasileira esfriava, a petroleira OGX, joia da coroa do grupo, reduziu brutalmente suas expectativas de produção e os investidores começaram a bater em retirada.

Em default de sua dívida de 3,6 bilhões de dólares com credores internacionais, a OGX entrou na quarta-feira com um pedido de recuperação judicial e, na quinta-feira, deixou de ser cotada nos índices da Bolsa de São Paulo.

"Pura especulação"

"A OGX se vendeu bem sem ter um só barril de petróleo. Era especulação pura. Eike põe a culpa no petróleo que não foi encontrado nas reservas, o que é ridículo. Mas não se pode esquecer que os investidores sabiam os riscos que corriam", disse à AFP o analista em mercados Marcelo Pereira, da TAG Investimentos.

"Com (o pedido de) recuperação judicial foi dado o primeiro passo. Agora teremos uma briga entre Eike Batista, a justiça e os credores", acrescentou.

"O holding atravessa um momento difícil, há uma crise de confiança que pode ser transferida para o país", considerou Luiz Gustavo Pereira, da Corretora Futura em São Paulo.

As agências de classificação financeira Moody's e Fitch reduziram a nota da dívida da OGX à categoria "lixo", a pior do ranking.

Ações da OGX, mais baratas que chiclete

As ações da OGX, que chegaram a ser cotadas por 23 reais em 2010, foram negociadas na quinta-feira (31) a seu menor preço histórico: 0,13 real.

Os problemas também se apresentam para outras empresas do grupo, sobretudo, o estaleiro OSX, criado para abastecer a OGX com barcos e equipamentos off-shore, que também deve pedir recuperação judicial, segundo comunicado emitido ao mercado na quinta-feira à noite.

A mineradora MMX também anunciou nesta sexta-feira ter concluído a venda de seus ativos no Chile à chilena Inversiones Cooper Mining.

Na quinta-feira, a OGX anunciou a venda de sua filial OGX Maranhão, que explora gás, por 90 milhões de dólares, às empresas Eneva (ex-MPX, controlada atualmente pelo grupo alemão E.ON) e Cambuhy Investimentos.

Esta semana, a CCX Carvão da Colômbia - controlada pela EBX - também vendeu à turca Yildirim Holding suas minas de carvão na Colômbia por 450 milhões de dólares.