Carlos Chagas
Previsto para o fim de semana, em Brasília, um novo encontro do ex-presidente Lula com a presidente Dilma terá direito à presença de dirigentes do PT e do PMDB. Para efeito externo, vão tratar das alianças para a eleição de governadores de diversos estados. Não será batido o martelo em nenhum caso, mas significativos avanços poderão beneficiar a tentativa de candidato único do PMDB nos estados do Ceará, Alagoas e Maranhão. Já o PT trabalha para a adesão dos parceiros em São Paulo, Minas e Brasília.
Na realidade, a reunião cuidará muito mais do plano federal. O esforço dos dois partidos se fará para que a presidente Dilma venha a ser reeleita no primeiro turno. Essa será a prioridade maior, restando saber qual o preço cobrado pelos peemedebistas. Ministérios, é claro, mas quais?
Parece brincadeira tratar com tanta antecedência do segundo governo Dilma, mas em política costuma valer aquele velho provérbio árabe, de que bebe água limpa quem chega primeiro na fonte. Como primeiro capítulo dessa renovação de compromissos está a reforma prevista para janeiro, quando a chefe do governo dispensará no mínimo doze ministros, aqueles que disputarão as eleições do próximo ano e talvez outros.
O PMDB gostaria de desde já ganhar ministérios mais robustos que os atuais ocupados por seus representantes. Emplacar os Transportes, por exemplo. Sem esquecer Saúde, também.
Outra questão importante para a vitória de Dilma na primeira votação seria afinar as bancadas dos dois partidos no Congresso. Mesmo sendo um ano eleitoral, 2014 deve merecer cuidados especiais, a começar pela rejeição de quaisquer projetos capazes de aumentar despesas ou de prejudicar a administração.
PERU À BRASILEIRA
Nos idos de 1969 estavam presos num quartel de Brasília o advogado Sobral Pinto, os jornalistas Carlos Castello Branco e Octacílio Lopes e o deputado Martins Rodrigues, entre outros. O comandante, coronel Epitácio, esmerou-se em tratar seus inquilinos com educação e civilidade. Os presos jantavam na sua mesa, no refeitório dos oficiais, e ele aproveitava para fazer a defesa do golpe militar. Gostava de exaltar a situação especial do Brasil, que inovava em termos institucionais, construindo uma “democracia à brasileira”.
O velho dr. Sobral não dava uma palavra, mas certa noite não aguentou e explodiu: “Olha aqui, coronel: democracia é valor universal, uno e indivisível. À brasileira só existe mesmo o que estamos comendo agora: peru com farofa…”
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