domingo, 1 de dezembro de 2013

Campos está ficando sem lugar no jogo

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
 
 
 
 
 
 


 
 
Na disputa pelo segundo lugar da sucessão presidencial, o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, forçou a porta, nos últimos dias, deixando o concorrente Eduardo Campos, pré-candidato presidencial do PSB e governador pernambucano, numa saia justa. Se a bipolarização tucano-petista é nociva ao debate político, não há como fugir da polarização plebiscitária que se estabelecerá no ano que vem entre situação e oposição. Ou você é uma coisa ou outra, a favor ou contra a continuidade do atual governo. Isso é inevitável.

Nos consecutivos episódios de maior repercussão, como prisões do mensalão, escândalo nas licitações do metrô paulista, leilões do pré-sal, privatizações e rumos da economia, Aécio Neves pulou na frente para assumir o posto de oposição, insinuando àqueles que não apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) que ele seria a opção.
Mais intuição do que receita de marqueteiro, o tucano fez isso porque sabe que Eduardo Campos busca espaço próprio, de ser uma alternativa ao PT e ao PSDB, sem flertar com a direita ou esquerda, mas com um projeto novo e sustentável. Não é fácil.

Há um sentimento de mudanças no país, desde os protestos de junho, que as pesquisas confirmam como existente ainda, mas que não se identificaram com nenhum dos pré-candidatos. Por já ser governo, não seria Dilma a beneficiária dele. De acordo com as últimas pesquisas, ela recuperou apoios, mas mantém-se na casa dos 40%, deixando os outros 60% à procura, ainda que tenha mais votos do que os concorrentes atuais.

Essa postura, ou estratégia, de não ser situação nem oposição está deixando Eduardo Campos fora do jogo. Tucanos e petistas embolam o meio de campo por conveniência, deixando a impressão de que não existem outras opções táticas. Ambos sabem a hora de e como atacar o outro e também de como se defender.
Ao mesmo tempo, a situação preocupa e incomoda os tucanos, porque o isolamento de Campos pode ser fatal ao próprio PSDB, que precisa dele para viabilizar um segundo tempo eleitoral.

Hoje, a soma das intenções de votos de ambos não garante um segundo turno. Por outro lado, se Eduardo Campos cresce muito poderá tirar Aécio da finalíssima.

Como ex-aliado do PT, o pernambucano não teria chance de ser nome alternativo à Dilma, porque, no PT, o ex-presidente Lula é o reserva de luxo para situações de crise.
No campo da oposição, Eduardo Campos poderia vir a ser a bola da vez se definisse melhor seu projeto e discurso. Tem ainda a seu lado, como plano B, a presença da ex-ministra Marina Silva, que, pela aliança a ele, perdeu a condição de presidenciável. Como já foi dito, a união entre os dois não fez bem a nenhum deles.

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