quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

"Ele veio aqui para terminar o serviço", diz sobrinho de atirador

 

Mecânico tentou matar sobrinho e executou testemunha do crime na véspera de Natal. Motivo é uma briga familiar por causa de um terreno
Bruno Wendel /Ibahia
 

Marlon nada tinha com briga 

Na noite da véspera de Natal, o mototaxista Marlon Santos Gomes poderia ter ficado em casa com a família, mas, antes da ceia, optou por sair a trabalho. Acabou morrendo após ser baleado nas costas devido a uma briga familiar - por causa de um terreno - que nada tinha a ver com ele. O crime aconteceu por volta das 20h30 de terça-feira, na Rua Lopes Trovão, na Massaranduba. Quem matou Marlon foi o mecânico Ângelo David da Silva, depois de ter baleado no braço e nas costas o próprio sobrinho, um adolescente de 16 anos que pegou corrida com o mototaxista.  
Ontem pela manhã, o garoto já estava em casa. Seu pai, Marcos Aurélio Soares, 46, disse que o cunhado Ângelo tinha uma oficina num terreno de outro parente, que proibiu a entrada do mecânico na área após ele ficar mais de um ano sem pagar o aluguel, com a dívida chegando a R$ 3.800. “Ele (Ângelo) atirou em mim porque eu disse para meu outro tio não ceder para ele retornar à oficina. Ele chegou a entrar na Justiça pela posse do terreno, dizendo que já pagou a dívida”, disse o rapaz.
Festa  
O adolescente contou que estava numa festa em casa, ao lado do terreno. Então, saiu para comprar mais cerveja e pegou a corrida com Marlon, no ponto em frente à residência. “Ele era conhecido, pedi a ele para eu ir pilotando. A gente já tinha montado. Foi quando dei a partida, passei a marcha, senti o meu braço formigar e vi que meu tio estava armado”, relatou o jovem, que percebeu depois que a bala havia atravessado o braço direito e se alojado nas costas.
“Mesmo ferido, corri, mas meu tio continuou atirando e atingiu o brother (Marlon) que não tinha nada a ver com a história. Ele ia só me levar pra comprar cerveja”, lamentou o garoto. Segundo ele, a tragédia poderia ser maior. “Na hora que meu tio atirou, tinha muita gente na rua, inclusive crianças”.
Garoto de 16 anos foi baleado no braço ao pegar corrida com mototaxista. O atirador, seu tio, briga por terreno que pertence a outro parente

De acordo com Marcos Soares, ao saber que o sobrinho já estava em casa, Ângelo voltou na manhã de ontem para tentar matá-lo mais uma vez. “Ele veio aqui para terminar o serviço. Parou com uma Saveiro prata na frente e vinha em nossa direção. Foi quando fechei o portão”, contou Marcos ao lado do filho, que tinha dificuldade para mexer o braço direito com curativo.
Após o crime, as duas vítimas baleadas foram socorridas por vizinhos ao Hospital São Jorge, no Caminho de Areia, onde Marlon morreu. O adolescente foi transferido para o Hospital Ernesto Simões Filho, no Pau Miúdo.
Investigação
Depois de passar por cirurgia para extração da bala, o rapaz teve alta no mesmo dia. “Passamos quase três horas com dois delegados do Departamento de Homicídios que iniciaram as investigações, mas não entendo porque esse assassino ainda está solto”, declarou Marcos.
Sobre Marlon, ele disse saber apenas que o motoboy morava no Uruguai. Marlon nasceu em Ubaíra, na região Sul do estado. O CORREIO não localizou seus familiares. O caso é apurado pelo delegado Jamal Amad, do Departamento de Homicídio. Até a noite de ontem, não havia informações sobre a prisão do suspeito.

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