Por Edson Travassos Vidigal*
O presidente do Senado, Renam Calheiros e o presidente da Câmara, Henrique Alves, enviaram, ilegalmente, seguranças do Congresso para missões secretas em seus redutos eleitorais. Tais seguranças são servidores públicos concursados do Congresso Nacional e fazem parte da chamada “Polícia Legislativa”, que tem atribuições específicas de guarda e proteção de parlamentares e do patrimônio do Legislativo federal e não podem ser utilizados em “missões secretas” fora do Congresso Nacional, quanto mais, fora de Brasília.
Entretanto, nosso ilustre presidente do Senado, Renam Calheiros (PMDB-AL), enviou-os em missões sigilosas ao seu reduto eleitoral. A revista ISTOÉ descobriu a realização de pelo menos três viagens desta que poderia ser chamada de “Operação brasileiros, vocês são todos idiotas”. Tais viagens foram realizadas em fevereiro, outubro e novembro deste ano que, pelo visto, ainda esconde muita bandidagem de nossos representantes eleitos.
Pelo que foi apurado, parece que os objetivos escusos de tais missões incluíam diligências ilegais, espionagem de pessoas e tomada de depoimentos em uma delegacia da polícia civil. A “Operação brasileiros, vocês são todos idiotas” contou com a mobilização de pelo menos três servidores: Everaldo Bosco, Gabriel Reis e Floriano Pinheiro, que, segundo a ISTOÉ, bancaram os xerifes pessoais de Renam Calheiros em sua terra natal, Alagoas, violando competências exclusivas da Polícia Federal e da Polícia Civil.
Já do lado da “bacia emborcada” do Congresso (A Câmara do Deputados), o Presidente da casa, nosso também muito ilustríssimo deputado Henrique Alves (também do PMDB), enviou ao Tocantins dois “caveiras” para ficarem 10 dias “colhendo provas” para um tal processo administrativo. Segundo a ISTOÉ, ao custo de R$7 mil em diárias, outros tantos gastos em passagens e aluguéis de carros, tudo pago pela Câmara com o nosso dinheiro, os servidores Edilson Brandão e Thiago Elízio teriam percorrido os municípios de Formoso do Araguaia e Gurupi dando carteiradas, realizando interrogatórios e “reunindo informações”. De acordo com a ISTOÉ, a assessoria de imprensa da Câmara alegou que o trabalho externo (ilegal e que extrapola em muito a competência da polícia legislativa) se deu como parte de uma investigação de fraude previdenciária (?!) e se negou a fornecer detalhes desta relevante “investigação”.
Claro que é apenas coincidência que, algum tempo após a “colheita de provas” desta heróica e louvável investigação de fraude previdenciária por parte de nosso ilustre presidente da Câmara, o deputado federal Osvaldo Reis, do PMDB de Tocantins subiu à tribuna da casa para denunciar fraude no Instituto de Gestão Previdenciária do Estado (Igeprev). Na ocasião, Reis entregou um dossiê do caso ao ministro da Previdência, Garibaldi Alves. E a partir de então, o fato teria se tornado centro de uma guerra entre a oposição e o governo do Tocantins.
E claro que, também, só pode ser coincidência o fato de que Renan Calheiros pretende eleger em 2014 o seu filho, carinhosamente apelidado de Renanzinho, governador das terras que hoje sofrem a ação da “arapongagem” de sua tropa de elite pessoal.
Mentes maldosas estariam especulando se tais missões externas seriam “apenas” um ilegal excesso administrativo, com explícita extrapolação de competências, ou se seria uma vexatória e criminosa ação polítiqueira contra rivais do PMDB em Alagoas e em Tocantins.
Me recuso a acreditar que nossos ilustres parlamentares eleitos possam nos faltar com o respeito e se rebaixar ao ponto de cometerem imoralidades, desonestidades, abusos, mentiras, ilegalidades, crimes e outras atitudes típicas de bandidos, marginais, vagabundos, ignorantes e pessoas torpes e mesquinhas, sem comprometimento com nada além de seus vergonhosos interesses pessoais. Ainda mais nossos ilustríssimos presidentes da Câmara e do Senado Federal. Isso só pode ser intriga da oposição.
De qualquer forma, parabéns aos “caveiras” que cumpriram com louvor suas missões em mais esta “Operação brasileiros, vocês são todos idiotas”. Como diria nosso maior herói nacional, o capitão Nascimento: “missão dada, é missão cumprida“.
Entretanto, faz-se forçoso citar outras verdades que nosso amado Capitão Nascimento também diria a todos os envolvidos nesta representativa operação:
“Tira essa roupa preta, porque tu não é caveira! Tu é moleque!”
“… o senhor sabe porquê o senhor não vai conseguir trazer esse bote até à margem? Não é só porque o senhor é um fraco. É porque para ter essa caveira aqui [bate no símbolo do BOPE que traz ao peito] é preciso ter caráter. Coisa que o senhor não tem. O seu lugar não é aqui não. Seu lugar é com puta. Seu lugar é com cafetão. Seu lugar é com clínica de aborto.”
“Pede pra sair, senão vai sair debaixo de porrada!”
*Edson Travassos Vidigal é advogado membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-DF, professor universitário de Direito e Filosofia, músico e escritor. Assina a coluna A CIDADE NÃO PARA, publicada no JORNAL PEQUENO todas as segundas-feiras.
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