Carlos Chagas
Começa segunda-feira a temporada de reforma do ministério, com prazo para terminar apenas na primeira semana de abril. Ministros candidatos como Gleise Hoffmann, da Casa Civil, querem sair já, menos porque tem cadeira no Senado, mais para dedicar-se à sua campanha para o governo do Paraná. Mas ministros sem mandato parlamentar, como Alexandre Padilha, da Saúde, candidato ao governo de São Paulo, lutam para permanecer no ministério o mais possível, até abril, por conta do excelente palco capaz de reforçar sua candidatura. Entre os dois existem pelo menos mais dez ministros oscilando entre sair logo ou ficar o máximo possível, de acordo com suas conveniências eleitorais.
De todos pode-se afirmar: são muito mais candidatos do que ministros, na medida em que desenvolvem apenas ações administrativas capazes de render-lhes votos.
Caberá à presidente Dilma compor esse mosaico de interesses e pretensões, sabendo que quem sofre é o seu governo. Chegou a ser cogitada por ela uma data única, agora em janeiro, onde todos os ministros candidatos seriam demitidos, mas o coração falou mais alto. Para não prejudicar Fernando Pimentel, por exemplo, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, candidato ao governo de Minas, deverá mantê-lo no tempo que for necessário.
Admite-se doze ministros dispostos a disputar as eleições, mas o número é variável. Outros ainda examinam suas possibilidades, em especial os que pleiteiam governos estaduais. Alguns de que nem se fala examinam ou já terão tomado a decisão de retornar ao Congresso. Quem sabe de tentá-lo pela primeira vez.
De tudo, a conclusão inevitável: “Mateus, primeiro os teus”, quer dizer, importa menos aos ministros candidatos como se desenvolve a administração federal, mesmo que ela vá andando devagar, quase parando, por conta das ambições políticas de cada um. Quem se prejudica é a presidente Dilma.
DOIS BILHÕES PARA COMEÇAR
No último dezembro o governo liberou perto de dois bilhões de reais em emendas individuais de deputados e senadores ao orçamento. Claro que os integrantes da base oficial foram melhor aquinhoados do que os da oposição. Não se contesta a importância teórica das emendas individuais, agora tornadas impositivas para investimentos em saúde e educação. Apesar daquele percentual de malandragem em certas emendas, onde o autor se beneficia financeira ou politicamente, a maioria das propostas serve para melhorar a situação dos municípios carentes, além de favorecer instituições voltadas para obras sociais e congêneres.
Estranha-se, porém, a coincidência: às vésperas do ano eleitoral, aumentaram as liberações, de forma desproporcional. Imagine-se então o que acontecerá até outubro…
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