
(Foto: Dário Pedrosa)
A pacata
cidade de Salvaterra, na Ilha do Marajó, viveu uma situação bem
diferente da sua rotina neste domingo de carnaval. Um assalto encenado
na reprodução de ambiente hollywoodiano, tal foi o teor de audácia dos
marginais. Era por volta das 13h quando o prédio pertencente à empresa
Pena Branca foi invadido por um grupo de três homens portando arma de
fogo e utilizando perucas, máscaras e capus para dificultar suas
identificações.
No interior do prédio, que também abriga uma
casa que serve como residência para o gerente da empresa na cidade,
Jaime do Rosário dos Anjos, estavam, além dele, dois amigos, Durval
Gonçalves Ferreira e Diego José de Vasconcelos Ferreira, que se
preparavam para participar de um almoço em outro endereço. A chegada do
assaltantes surpreendeu os dois, mas Jaime estava no interior da casa
quando viu a entrada dos três elementos estranhos e percebeu quando os
mesmos colocaram as máscaras e a peruca e puxaram revólveres de dentro
das pequenas bolsas que levavam sem serem notadas.
Jaime aproveitou para tentar falar com
policiais pelo celular, escondendo-se num dos quartos da casa. Sem
sucesso nas tentativas de contato com militares, ele então resolveu
ligar para sua esposa, Marileia Assunção, solicitando dela auxílio para
acionar força policial. Somente após este contato o gerente foi
localizado e trazido para se juntar aos outros dois que estavam sendo
feitos reféns.
Os militares do 8º Batalhão Marajó foram
acionados e deslocaram-se para cena do crime, sob o comando do Sargento
Edival. A guarnição foi composta pelo sargento Jediel, cabo J. Pinheiro e
soldado Dias. Os demais, que haviam saído de serviço, foram acionados
juntamente com policiais civis.
Com a chegada dos policiais, o bando, que já
preparava-se para sair do local, foi surpreendido e respondeu com
tiros, forçando o militares a manterem-se abrigados na entrada principal
da área. Eles revidaram, uma vez que os elementos estavam sozinhos e as
vítimas haviam sido deixadas dentro da casa amarradas e com a ordem de
somente saírem dali após uma hora da saída do bando.
Os estampidos provocados pelos disparos
despertaram a curiosidade da população e imediatamente um volumoso
número de pessoas cercou o local, dificultando a ação policial.
Os bandidos recuaram para o interior da casa
e fizeram reféns os três rapazes que haviam deixado amarrados. E
continuaram atirando na direção dos policiais para impedir seus avanços.
A negociação foi iniciada na tentativa de
fazer os elementos se renderem. Eles exigiam a presença de equipes de
imprensa da capital do estado, para efetuarem suas rendições. Mas lhes
foi explicado que seria impossível, até por que o tempo para a chegada
de qualquer equipe seria muito longo e a população já estava querendo
invadir o local para linchá-los, o que os policiais teriam dificuldade
de impedir.
Os marginais perceberam a realidade do
perigo devido aos gritos da população e resolveram oferecer rendição em
troca de proteção. Mas, quando entregaram suas armas longe das viaturas,
os populares avançaram e quase uma tragédia foi registrada.
Os indivíduos ainda foram atingidos por
diversos socos e pontapés, mas foram salvos pela ação policial, que
conteve os ânimos da população. Imediatamente eles foram postos na
viatura com o auxílio dos demais policiais que chegaram para dar
reforço, e foram conduzidos para a delegacia de Salvaterra.
Na delegacia, foram iniciados os
procedimentos de identificação de cada um dos assaltantes. Os três já
possuem passagem pela polícia em Belém, onde residem. Neivaldo Santos
Silva, 25 anos, residente da rodovia Augusto Montenegro, passagem das
Palmeiras, em Icoaraci, foi identificado como o líder do bando por ser
quem dava as ordens e apresentava comportamento mais violento. Everton
Leal Moraes, 35 anos, residente da rua dos Pariquis, Cremação, e Moisés
Serrão Oliveira, 33 anos, residente da passagem Lauro Pessoa, no Guamá.
Os procedimentos foram feitos pela equipe de
Polícia Civil, sob o comando do delegado superintendente Arilson
Caetano, com o auxilio do delegado Luciano Cunha. Segundo Arilson
Caetano, a ação dos assaltantes teve planejamento e auxílio de outras
pessoas, pois a hora e o dia escolhidos eram propícios para a ação, uma
vez que a cidade estava toda em calmaria. “Eles pretendiam realizar toda
a ação e sair calmamente pela porta da frente, como se fossem pessoas
comuns que foram até o local comprar alguns dos produtos vendidos ali.
Se o rapaz não tivesse visto e suspeitado da situação, eles teriam se
dado bem. Mas a policia foi rápida e eficiente e conseguiu frustrar a
ação”, comentou Arilson.
Os elementos usaram dois revólveres calibre
38 e foram efetuados três disparos contra os policiais. Mesmo com o
revide dos policiais, ninguém foi ferido e, após a rendição, ainda foram
feitas incursões pela cidade na busca pela localização de um quarto
elemento que estaria em uma moto dando suporte externo, mas ninguém foi
encontrado.
(Diário do Pará)
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