Alguém está governando?
Por Jose Reinaldo Tavares
A notícia de que o décimo terceiro preso
foi assassinado dentro das cadeias do Maranhão é uma demonstração da
ausência de governo no estado. O período de emergência, julgado
necessário para construir as novas prisões, acertado com o ministro da
Justiça já acabou e nada, nada mesmo, foi realizado. Nem o controle que
disseram já ter das prisões é verdadeiro. Treze mortos só nestes
primeiros três meses e alguns dias deste ano é mais do que as mortes
ocorridas neste ano na soma de todas as prisões do país.
Só as notícias ruins continuam. Agora é a
noticia de que só existe banheiro em 17 por cento das casas do
Maranhão. Somos também o último do país nesse assunto. Sem saneamento
aumentam as doenças e a mortalidade infantil, a má nutrição e outras
mazelas mais. E vem a notícia de que o maranhense é o que tem a menor
expectativa de vida do Brasil. Na média os homens só vivem até alcançar
os sessenta e oito anos e as mulheres 72 anos. Isso se deve à péssima
condição de vida dos maranhenses, a pior entre os estados brasileiros.
Mais um legado cruel dos anos de domínio da família Sarney. Até nisso.
A presidente Dilma continua caindo nas
pesquisas em um movimento persistente, continuado. Não é uma queda
abrupta, mas é persistente, parece estar se consolidando uma tendência. E
a queda é geral, pois é em todos os setores. O aumento de preços nos
supermercados e a falta de boas notícias, os atrasos na implantação de
todos os programas anunciados e as notícias muito negativas da Petrobrás
vão aumentando o desejo de mudança. Agora são 62 por cento que querem
mudanças sem Dilma. Ela ainda vence em primeiro turno com 39 por cento
de intenção de votos, mas esse número diminui a cada pesquisa. O limite
mínimo para que um governante no cargo tenha condições de ser eleito,
conforme declarou o presidente do Data Folha em entrevista à revista
Veja é de 34 por cento de aprovação do governo. Ele disse que abaixo
desse número, nenhum governador ou presidente conseguiu vencer. E ela
atingiu esse patamar mínimo de aprovação do governo segundo o Ibope e
não poderá cair mais. E a pesquisa já mostra que a decepção com o
governo de Dilma vai contaminando o ex-presidente Lula que caiu muito e
colocado no lugar de Dilma também teve forte queda e fica em 42 por
cento, apenas 3 por cento mais do que ela e também caindo sempre. O que
parece é que o povo mão está querendo mais o jeito petista de governar e
quer mudar.
E o pior, é que não há expectativa de
nenhuma melhora neste ano e vem aí o risco que se tornou a realização da
Copa do Mundo no país. Isso certamente é muito bom para Eduardo Campos e
Aécio Neves, principalmente o primeiro que quase ninguém conhece.
Eduardo virá nos dias 26 e 27 próximos ao Maranhão, mas não virá desta
vez em São Luís. Irá a Balsas e Timon. Aécio deverá vir dia 9 de maio a
São Luís.
Outra ameaça fortíssima a reeleição da
presidente é o possível racionamento de energia elétrica. O ministro
Edson Lobão, das Minas e Energia, responsável pelo setor não deve estar
conseguindo dormir direito, principalmente porque ao que consta, o
governo é o maior culpado se houver o racionamento. Vou explicar
direitinho.
Trata-se de uma das maiores lambanças já
realizadas no serviço público brasileiro. O consultor Mário Veiga, que
tem uma das maiores e mais respeitadas consultorias de energia no
mercado acha que é recomendável que o governo decrete racionamento a
partir de maio. Ele sabe que isso não será feito e o risco é de que se
chegue ao fim do ano com apenas 10 por cento de água nos reservatórios o
que seria uma situação desesperadora e forçaria um racionamento mais
drástico.
Ele falou também que o custo para o
consumidor já chega a 50 bilhões de reais e o aumento da tarifa de
energia para o consumidor será de no mínimo 12 por cento ao ano durante
cinco anos, trazendo inflação, pois aumentam os custos de produção de
todos os produtos, sem falar no aumento que forçosamente teremos da
gasolina e do diesel, gás de cozinha, querosene, etc.
E porque o governo é culpado? Porque o ministro Lobão deve estar com dificuldades para dormir com esse pesadelo?
Primeiro segundo o consultor o governo
era obrigado a fazer o leilão de energia em 2012 para que as empresas
pudessem contratar toda a energia que tem que fornecer. Um grande
número de contratos antigos venceram e as empresas distribuidoras
ficaram sem contratos de fornecimento e tiveram que ir ao mercado
aberto, muito caro, principalmente porque uma grande parte da energia
gerada está vindo de termelétricas que produzem energia a preços muito
mais altos. A maior participação das térmicas foi devido ao nível baixo
dos reservatórios. O governo não fez os leilões para poder cumprir a
promessa de redução do preço da energia que fez entre 2013 e 2014.
Isso desequilibrou financeiramente as
empresas porque elas estão comprando energia a preços muito maiores do
que podem cobrar dos consumidores. O governo para impedir que
quebrassem, por sua culpa, teve que socorre-las repassando 10 bilhões de
reais, como empréstimos. Isso é mais do que a renda delas todas
somadas. Uma loucura.
E porque os reservatórios estão quase
secando, mesmo se o ano hidrológico for normal? Como então estão com
pouca água? Será que para gerar energia estão gastando mais água do que o
previsto? Mário Veiga indica outra causa.
Ele indica que o governo além de não
investir na modernização e aumento da eficiência das atuais
hidrelétricas também sequer fez análises para saber quanto de água
realmente há nos reservatórios e qual a demanda deles. Ou seja, o que
acontece é que o governo faz as contas como se o reservatório
permanecesse o mesmo da época da construção não levando em conta o
assoreamento das bacias por conta de grande quantidade de sedimentos que
recebem dos rios tributários principalmente nas enchentes. Assim as
bacias vão diminuindo a sua capacidade de armazenar água e o governo não
sabe de quanta água dispõe de verdade. Assim quando o ano é ruim como
neste ano a bacia fica vazia muito antes do que deveria.
Mário Veiga acha que seria mais prudente o
governo começar a falar a palavra racionamento no próximo mês, mas sabe
que o governo não fará. Isso aumenta a conta hidrológica e financeira
que teremos pagar e poderemos chegar ao final do ano com cerca de 10 por
cento de água nos reservatórios o que exigiria um racionamento como o
que vimos em 2001, de péssima lembrança.
A situação é muito difícil e as medidas não foram tomadas na hora certa. Como sair dessa, Lobão?
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