Em fim de carreira política, o senil José
Sarney aproveitou um evento realizado nesta sexta-feira (30), em São
Luís, para se lamuriar. O discurso lastimoso ocorreu durante um ato
organizado pelo secretário de Saúde, Ricardo Murad (este que em breve
deve sofrer uma varredura de órgãos federais para averiguar atitudes
suspeitas de corrupção). O que era para ser uma solenidade
institucional, na verdade se transformou num palco inoportuno de chororô
de despedida daqueles que pouco fizeram (tentam à todo custo se
justificar) e agora estão prestes a ser expulsos do poder pelos
maranhenses.
Numa espécie de ‘prestação de contas’, o
oligarca maranhense em declínio – o desgaste de sua imagem é tamanho que
não consegue se eleger nem mais no Amapá – culpou a oposição – veja só o
tamanho do descaramento – pela miséria que ainda prevalece no estado.
Logo eles, que tiveram inúmeras oportunidades e nada realizaram. Só a
governadora Roseana está no quarto mandato.
Pois bem, de acordo com Sarney, a
oposição, ao que ele injustamente se refere de ‘do quanto pior melhor’,
trabalha contra o Maranhão. Seria muito mais decente da parte do senador
fazer um discurso de mea culpa e constatar quem realmente não trabalha a
favor desse estado. O que a idade avançada não faz…
Ao prosseguir com o festival de asneiras
proferidas, mais uma vez o ex-governador, ex-deputado, ex-presidente da
República, presidente do Senado por quatro vezes, senador em exercício
tentou desqualificar os estudos de institutos sérios e renomados que
apontam o paupérrimo Maranhão como o estado mais atrasado do Brasil. Sem
o menor constrangimento, Sarney deu a entender, cinicamente, que a
culpa da estagnação do MA é, pasmem, do IPEA, FGV, IBGE e outros.
Pronto, acharam outros culpados para encobrir a incompetência e o
fracasso.
Num ato de encargo de consciência, José Sarney ainda usou de sofisma (uma de suas especialidades) quando misturou PIB
(Produto Interno Bruto) com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para
dizer que “o Maranhão é o 16º estado do Brasil”. Evidente que o PIB do
Maranhão é elevado, dado as grandes empresas e multinacionais instaladas
no estado. Elas levam nossas riquezas para fora e pouco deixam aqui.
Sim, o Maranhão é rico, porém há má
distribuição de riqueza. É nesse aspecto, uma equação simples que Sarney
em cinquenta anos não conseguiu resolver, que os indicadores sociais
(entre os quais o IDH) mostram o estado comandado há décadas pela
oligarquia o último em avanço e desenvolvimento.
O mínimo que José Sarney fez por sua
terra natal – muito pouco em face de todos os cargos que ocupou bem como
sua influência em Brasília - não passou de obrigação. As grandes obras
existentes são do governo federal.
No fim, já todos com semblante
de enfadado no auditório da Secretaria de Saúde, foi risível a
declaração do pai da governadora Roseana Sarney em vociferar que é
respeitado em todo o Brasil e no exterior. Realmente, pode até ser, no
entanto José Sarney só esqueceu de dizer que ele é também a figura
política mais ojerizada pelos brasileiros, sinônimo da má política. Hoje
contar que é ‘da terra do Sarney’ é motivo de chacota em outros
estados. O maranhense passa vergonha e ainda é taxado de tolo por eleger
seu grupo.
Um recado que fica ao senador Sarney:
falar a verdade sobre a realidade ruim do Maranhão, onde milhares de
milhares maranhenses continuam passando fome e vivendo em condições
subumanas, nunca e jamais será falta de respeito. Ok?
Em tempo:
Fica o desafio, para na próxima
oportunidade, José Sarney tentar explicar a razão de apresentarmos a
menor expectativa de vida na média de homens e mulheres – 68,6 anos – de
acordo com dados divulgados pelo IBGE. Seria de bom alvitre justificar o
porquê da população de 6,5 milhões de habitantes, 1,7 milhão de
maranhenses está abaixo da linha de miséria (ganham até R$ 70 por mês).
Dos quase 7 milhões de maranhenses, existem mais de 4 milhões
sobrevivendo na base do Bolsa Família.
Na ocasião, seria interessante debater os
motivos de o Maranhão ter 64% da população passando fome e, ainda, as
três piores cidades em renda per capita – das 100 cidades com pior IDH,
20 são do Maranhão. As causas que levaram, por exemplo, das 100 cidades
com melhor IDH, nenhuma ser do Maranhão; apenas 6,5% dos municípios
maranhenses terem rede de esgoto e dos 15 municípios brasileiros com as
menores rendas, segundo o IBGE, dez estarem no Maranhão (é o estado
brasileiro com maior percentual de miseráveis).( Do Blog do John Cutrin/JP)
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