TATIANA FARAH (O GLOBO)
O deputado Paulo Maluf (PP) e o pré-candidato ao governo paulista, Alexandre Padilha (PT), selam ac / Tatiana Farah/Ag.Oglobo
O deputado Paulo Maluf (PP) e o pré-candidato ao governo paulista, Alexandre Padilha (PT), selam ac / Tatiana Farah/Ag.OgloboSÃO PAULO – Chamando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “grande estadista” e afirmando que a presidente Dilma Rousseff será eleita no primeiro turno, o deputado Paulo Maluf selou nesta sexta-feira a aliança do PP com o petista Alexandre Padilha, que concorrerá ao governo paulista. Petistas e Maluf posaram para fotos sem constrangimentos na Assembleia Legislativa, repetindo as cenas polêmicas da eleição municipal, quando Maluf recebeu em sua casa Lula e o então candidato Fernando Haddad.
O acordo deve render 1min15 a mais para o programa de TV de Padilha. A expectativa é que o petista tenha mais tempo de televisão do que Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição. A estratégia é importante para fazer com que o ex-ministro seja mais conhecido pelo eleitorado de São Paulo.
Para Padilha, a aliança seria alvo de críticas de quem, “até quatro dias atrás”, esperava uma aliança com o PP. O petista se referia à participação do partido de Maluf no governo de Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB. Ontem, os correligionários de Maluf deixaram o governo tucano. O deputado, que responde a processos por corrupção e crimes financeiros, “rifou” rapidamente os ex-aliados tucanos, criticando a segurança pública e a falta de investimentos no sistema de abastecimento de água.
Aplaudido pelos petistas, Maluf brincou com as suposições de que o segundo turno presidencial seria disputado por Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB):
— Sonhar é gratuito. Eu tenho 22 eleições, entre as que disputei e apoiei, e não me iludo. Eleição você faz com imagem e com mensagem, a presidente Dilma tem imagem e, para a mensagem, vai ter quase 14 minutos de televisão contra quatro minutos de Aécio e dois de Eduardo Campos_ disse Maluf, afirmando que, ao todo, Dilma terá 600 inserções em comerciais TV, mais que a soma de grandes anunciantes, como “Casas Bahia, Petrobras, Caixa”.
O encontro em São Paulo tenta pacificar o PP em relação a aliança do partido com a candidatura de Dilma. Em alguns estados, o PP se rebelou, como no Rio Grande do Sul, onde deve se aliar ao PSDB. Rui Falcão, presidente nacional do PT, adiantou que ontem o acordo foi discutido entre ele, Lula e o presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira. Segundo Falcão, o PP entregou ao PT uma lista com onze pontos para o programa de governo.
— Não estamos atrás de cargos nem de benefícios — disse Ciro.
Já Padilha não poupou elogios ao apoio de Maluf ao governo petista:
— O senhor sempre foi um deputado extremamente fiel aos projetos do presidente Lula — disse o pré-candidato do PT.
O PP de Maluf havia apoiado o PT nas eleições municipais, em 2012, quando Fernando Haddad foi eleito. Na ocasião, Haddad e o então presidente Luíz Inácio Lula da Silva tiveram que ir até a casa de Maluf, nos Jardins, bairro nobre na zona sul da capital paulista, onde foram fotografados juntos, para fechar a aliança.
O episódio gerou descontentamento de parte da militância petista, que sempre viu Maluf como adversário. Depois do aperto de mão, Maluf só voltaria a aparecer publicamente ao lado de Haddad na festa da vitória.
Em contrapartida pelo apoio, o prefeito aceitou a indicação do PP para a Secretaria de Habitação, comandada pelo empresário José Floriano de Azevedo Marques Neto. A área tem sido alvo de protestos constantes de movimentos de moradia.