ANDRÉIA SADI (Folha de São Pulo)
DE BRASÍLIA
Relatório da Polícia Federal liga o
doleiro Alberto Youssef, preso no dia 17 de março em São Luís (MA) sob
acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria
movimentado R$ 10 bilhões, a um assessor especial da Casa Civil do
Maranhão, nomeado pela governadora Roseana Sarney (PMDB).
Documentos mostram que uma pessoa que
acompanhava Youssef no dia da prisão deixou uma caixa na portaria de um
hotel para Milton Braga Durans, desde 1º de agosto de 2013 assessor
especial da Casa Civil maranhense.
De acordo com a PF, câmeras de segurança
interna mostram que Youssef e a pessoa que o acompanhava, identificada
como Marco Antônio de Campos Ziegert, chegaram no mesmo momento ao Hotel
Luzeiros, na madrugada do dia 17 de março, mas se hospedaram em quartos
separados -o doleiro, no 7º andar, e Ziegert, no 13º.
Às 03h29, Youssef subiu até o andar do
acompanhante com uma das duas malas pretas que trouxe consigo e retornou
sem ela para seu quarto, “dando a entender que deixou a referida mala
no quarto de Marco Ziegert”, diz o relatório da polícia.
Não há descrição sobre a profissão ou conexões de Ziegert com o doleiro no documento da PF.
Às 10h47, Ziegert deixa o hotel com a
mala preta deixada por Youssef em um táxi -o destino é desconhecido da
PF- e volta às 15h30 sem nada nas mãos.
É nesse momento que Ziegert deixa uma
caixa na recepção do hotel. Após entrevistas feitas pela polícia,
descobriu-se que a encomenda deveria ser repassada para o assessor
especial do governo do Maranhão.
O Hotel Luzeiros informou que Milton compareceu ao estabelecimento dias depois e retirou a encomenda.
Segundo Figueiredo Basto, advogado do doleiro, Youssef disse que se tratava de uma caixa de vinho.
“Ele me disse: não tem dinheiro nenhum,
foi vinho que foi deixado lá. Não disse o motivo de ter deixado a caixa,
deixei para um cara que estava me ajudando com uns terrenos lá”,
afirmou.
TERRENOS
Youssef, segundo a defesa estava na capital do Maranhão na data em que foi preso procurando terrenos para construir um hotel.
“É impossível querer dizer que não
estivessem juntos lá. Agora, o objeto de estarem lá juntos não era a
corrupção de nenhuma autoridade”, disse o advogado.
Figueiredo Basto não deu informações sobre quem é Ziegert e qual é a relação dele com Alberto Youssef.
A Folha não conseguiu localizar nesta segunda-feira (26) nem o assessor de Roseana, nem Ziegert.
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