Irreverente e
performática, Marli Oliveira, 30, chama atenção na calçada entregando
folhetos e convidando novos clientes para o Desejos Sex Shop
Em plena Avenida
Joana Angélica, no Centro de Salvador, próximo ao Convento da Lapa, uma
mulher se destaca diariamente. Mas engana-se quem pensa se tratar de uma
freira. O papel dela é muito diferente. Marli Oliveira tem 30 anos e
faz propaganda de produtos eróticos de uma forma muito curiosa. Nada de
entregar folhetos de forma tímida como as outras promotoras. Marli
convida os clientes gritando frases em tom sensual. “Aqui tem sex shop.
Produtos eróticos para apimentar a sua relação. Uh, lá lá”.
Marli trabalha no sex shop há mais de um ano.
(Foto: Helen Carvalho) |
Seu
trabalho anterior havia sido como auxiliar de escritório de uma revista
sobre saúde, estética e moda. Ela atendia as ligações, anotava os
recados, arrumava os dados e ainda fazia pagamentos bancários. Ficou
aproximadamente sete meses até ver um anúncio de jornal em que um sex
shop procurava uma pessoa para trabalhar com divulgação. Enviou o
currículo e foi chamada para fazer o teste.
A
orientação da empresa era que ela falasse apenas: “Aqui tem sex shop,
produtos eróticos, atacado e varejo”, mas com o tempo ela foi cada vez
mais incrementando o anúncio. Hoje ela emprega toda sua personalidade no
produto. Extrovertida, grita, cria frases e entrega os folhetos. E o
trabalho de Marli na calçada, em plena rua, não é a toa. A entrada do
Desejos Sex Shop, onde ela trabalha há mais de um ano, fica espremida
entre uma farmácia e uma loja de tecidos. Para chegar até à loja, é
preciso subir uma escada, passar pela frente de um consultório
odontológico e percorrer um corredor até o final.
Marli
também é depiladora e escovista, mas se diverte mais promovendo a loja
de produtos eróticos. “Eu gosto de lidar com o público. Em meus
trabalhos anteriores, me comunicava com as pessoas. É divertido, eu dou
risada, é muito bom”. Ela ainda revela que recebe mais do que o salário,
“Estou sempre sorrindo, brincando com as pessoas e ainda ganho lanche,
sorvete, refrigerante e frutas”. Dalva Santos, vendedora de tecido de
uma loja próxima, acha Marli engraçada. “Converso com ela, abuso, é bem
divertido”, diz. Já a farmacêutica Liliane Portela não tem dúvida: “Ela é
louca!”, diverte-se.
Confira o depoimento de Marli:
Apesar
de fazer graça, Marli relata que já pensou em sair do trabalho por ser
bem cansativo. São seis horas por dia, com intervalos de 30 minutos para
almoçar. A empresa fornece lanche e água. Os descansos são muito
curtos. Marli não pode parar de falar e sempre tem alguém
supervisionando, seja a gerente ou a câmera de segurança do
estabelecimento. “O foco do sex shop é vender no atacado, quando a
empresa ganha mais. Então é muita pressão”, explica Marli, que não tem
filho ou namorado e mora com a mãe e um tio no bairro do Rio Vermelho.
“As
vendas aumentaram consideravelmente depois da chegada de Marli na loja.
Nesse mês de abril, em que ela se encontra de férias, as pessoas
perguntam bastante: Cadê, Marli?”, conta a gerente do Desejos Sex Shop,
Claudiane Santos. A volta de Marli ao serviço promete ser ainda mais
irreverente. Ela irá trabalhar vestida com fantasias eróticas: roupa de
noiva, farda do exército e uniforme de enfermeira. E não para por aí.
Marli pretende seguir a carreira artística, fazer teatro e virar uma
mulher fruta. Ela já tem até um nome: Mulher Cajú.( Ibahia )
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