quinta-feira, 1 de maio de 2014

Promotora de sex shop chama atenção em frente ao Convento

 

 

Irreverente e performática, Marli Oliveira, 30, chama atenção na calçada entregando folhetos e convidando novos clientes para o Desejos Sex Shop
 
 
Em plena Avenida Joana Angélica, no Centro de Salvador, próximo ao Convento da Lapa, uma mulher se destaca diariamente. Mas engana-se quem pensa se tratar de uma freira. O papel dela é muito diferente. Marli Oliveira tem 30 anos e faz propaganda de produtos eróticos de uma forma muito curiosa. Nada de entregar folhetos de forma tímida como as outras promotoras. Marli convida os clientes gritando frases em tom sensual. “Aqui tem sex shop. Produtos eróticos para apimentar a sua relação. Uh, lá lá”.
Marli trabalha no sex shop há mais de um ano.
(Foto: Helen Carvalho)
Seu trabalho anterior havia sido como auxiliar de escritório de uma revista sobre saúde, estética e moda. Ela atendia as ligações, anotava os recados, arrumava os dados e ainda fazia pagamentos bancários. Ficou aproximadamente sete meses até ver um anúncio de jornal em que um sex shop procurava uma pessoa para trabalhar com divulgação. Enviou o currículo e foi chamada para fazer o teste. 
A orientação da empresa era que ela falasse apenas: “Aqui tem sex shop, produtos eróticos, atacado e varejo”, mas com o tempo ela foi cada vez mais incrementando o anúncio. Hoje ela emprega toda sua personalidade no produto. Extrovertida, grita, cria frases e entrega os folhetos. E o trabalho de Marli na calçada, em plena rua, não é a toa. A entrada do Desejos Sex Shop, onde ela trabalha há mais de um ano, fica espremida entre uma farmácia e uma loja de tecidos. Para chegar até à loja, é preciso subir uma escada, passar pela frente de um consultório odontológico e percorrer um corredor até o final.
Marli também é depiladora e escovista, mas se diverte mais promovendo a loja de produtos eróticos. “Eu gosto de lidar com o público. Em meus trabalhos anteriores, me comunicava com as pessoas. É divertido, eu dou risada, é muito bom”. Ela ainda revela que recebe mais do que o salário, “Estou sempre sorrindo, brincando com as pessoas e ainda ganho lanche, sorvete, refrigerante e frutas”. Dalva Santos, vendedora de tecido de uma loja próxima, acha Marli engraçada. “Converso com ela, abuso, é bem divertido”, diz. Já a farmacêutica Liliane Portela não tem dúvida: “Ela é louca!”, diverte-se.
Confira o depoimento de Marli:
Apesar de fazer graça, Marli relata que já pensou em sair do trabalho por ser bem cansativo. São seis horas por dia, com intervalos de 30 minutos para almoçar. A empresa fornece lanche e água. Os descansos são muito curtos. Marli não pode parar de falar e sempre tem alguém supervisionando, seja a gerente ou a câmera de segurança do estabelecimento. “O foco do sex shop é vender no atacado, quando a empresa ganha mais. Então é muita pressão”, explica Marli, que não tem filho ou namorado e mora com a mãe e um tio no bairro do Rio Vermelho.
“As vendas aumentaram consideravelmente depois da chegada de Marli na loja. Nesse mês de abril, em que ela se encontra de férias, as pessoas perguntam bastante: Cadê, Marli?”, conta a gerente do Desejos Sex Shop, Claudiane Santos. A volta de Marli ao serviço promete ser ainda mais irreverente. Ela irá trabalhar vestida com fantasias eróticas: roupa de noiva, farda do exército e uniforme de enfermeira. E não para por aí. Marli pretende seguir a carreira artística, fazer teatro e virar uma mulher fruta. Ela já tem até um nome: Mulher Cajú.( Ibahia )

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