A
candidata do Psol à Presidência da República, Luciana Genro, afirma que
seu principal desafio nas eleições de outubro será convencer o eleitor
de que ela é a verdadeira terceira via, alternativa à polarização
crescente entre o PT e o PSDB na política brasileira. Em evento
promovido pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do
Sul (Famurs), Luciana declarou que o terceiro colocado nas pesquisas,
Eduardo Campos (PSB), não apresenta nada de novo em relação a Aécio
Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT).
Ao ser questionada sobre como pretendia
quebrar a polarização entre PT e PSDB, Luciana reagiu com bom humor.
“Quando você tiver a receita, me passa (risos)”, ironizou, para em
seguida complementar. “Nós acreditamos que se quebra essa polarização ao
mostrar que somos a única chapa que se diferencia genuinamente das
demais. O PSDB do Aécio representa o retrocesso das políticas do governo
FHC, a Dilma é o continuísmo de uma falsa esquerda que se apropriou de
doutrinas neoliberais. Já o Eduardo Campos é um híbrido entre o PSDB e o
PT, tanto é que é aliado dos tucanos em Minas Gerais e do PT no Rio de
Janeiro, dois dos maiores colégios eleitorais do Brasil. O Psol é a
verdadeira terceira via”, disse.
Segundo Luciana, sua campanha tentará
seduzir o eleitorado identificado com a esquerda que, mesmo desiludido
com o PT, ainda vota no partido por medo de permitir o retorno do PSDB
ao poder. “O que existe hoje na esquerda é o eleitor que vota no PT com
medo que a direita volte ao poder. É o eleitor que vota ‘tapando o
nariz’ no PT, simplesmente para evitar a volta do PSDB. Eu vou em busca
desses votos. Precisamos mostrar para o eleitorado que a melhor forma de
combater os setores conservadores é fortalecer a esquerda coerente. Eu
quero dialogar com essas pessoas para que elas deem um voto de confiança
à esquerda coerente”, afirmou a candidata do Psol.
“É um movimento semelhante ao que ocorre
na Europa. A esquerda da social democracia e os conservadores chegaram a
um ponto em que não se diferenciavam um do outro, o que propiciou o
fortalecimento de movimentos de extrema-direita. Só que a esquerda
radical também cresceu como contraponto”, avaliou.
Diante de uma plateia formada por
prefeitos de municípios gaúchos e lideranças regionais do Rio Grande do
Sul, Luciana Genro se queixou do que chamou de injustiças da legislação
eleitoral, que cria distorções no tratamento aos candidatos. “Nós temos
uma legislação que já é extremamente injusta. Eu vou ter 51 segundos
para expressar na TV a minha proposta de governo no horário eleitoral. A
Dilma Rousseff vai ter 12 minutos. São os dois extremos dessa
desigualdade do tempo de televisão. Desigualdade enorme também em
relação aos recursos, já que nossa chapa não recebe dinheiro de
multinacionais, nem de bancos nem das grandes empreiteiras, que são as
maiores doadoras das campanhas”, criticou, cobrando espaço em debates e
sabatinas públicas para partidos com pouca representatividade no
Congresso. “Já há uma grande desigualdade nessa disputa, se a imprensa
reproduz essa desigualdade, e se as entidades de classe também
reproduzem, há uma falha na transmissão de informações dos candidatos
aos eleitores.”
Apesar de confiar na vitória, Luciana
admitiu que teria poucas chances de eleger uma bancada aliada capaz de
garantir maioria para a aprovação de importantes medidas de seu plano de
governo. “É impossível prever o tamanho da bancada caso eu seja eleita
presidente, imagino que teríamos muito mais do que os atuais três
deputados e um senador, mas ainda assim seria insuficiente para aprovar
qualquer medida”, disse a candidata, que descartou fazer das relações
com os parlamentares "um balcão de negócios".
Caso não tivesse apoio do Congresso para
votar seus projetos, Luciana diz confiar na mobilização popular como
forma de pressionar os parlamentares, sem a necessidade de "medidas
arbitrárias". "Nada de arbitrariedade, muito pelo contrário, nós
defendemos a ampla democracia. Primeiro, é possível fazer mudanças na
administração sem a necessidade de mudanças na lei. Mas, naquelas em que
há empecilhos jurídicos, essas mudanças precisam ser feitas a partir da
pressão social. Eu não tenho como fazer reformas sem a mobilização do
povo. Os protestos de junho mostraram que a mobilização popular tem
resultado, e que o povo mobilizado mete medo nos governos. Apesar de
vitórias muito pequenas para a proporção das manifestações, foram
vitórias do povo."
Fonte: Terra
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