domingo, 28 de setembro de 2014

Ninguém pensa no futuro

Carlos Chagas

Dentro de uma semana, precisamente, estará sendo escolhido o novo Congresso. Dizia o dr.Ulysses, com humor, que pior do que o atual, só o próximo. A pergunta que se faz é sobre os limites da renovação, em especial na Câmara dos Deputados. É possível que não chegue a 50%. Nos principais partidos, os caciques deverão conservar suas cadeiras, exceção dos candidatos a governador ou ao Senado, aliás, poucos. Indaga-se da hipótese de, desta vez, ser aprovada a reforma política, mas as chances são poucas. Talvez a proibição de doações pelas empresas nas campanhas eleitorais, com o financiamento público ainda indefinido. Jamais a cláusula de barreira para limitar o número de partidos políticos, muito menos o voto distrital e a votação para deputado federal em listas partidárias. Nem a revogação do princípio da reeleição.
O novo Congresso continuará dando sustentação ao palácio do Planalto, qualquer que venha a ser a presidente da República, Dilma ou Marina. A conclusão é de que o governo permanecerá em condomínio com os partidos, funcionando o PMDB como tijolo de sustentação tanto de uma quanto de outra das candidatas. Neste caso, com o PT ao lado e o PSDB na oposição. Naquele, invertendo-se a equação, ou seja, os companheiros na oposição e os tucanos no governo.
Mudará alguma coisa? Nem pensar. Dos programas de assistência social ao orçamento insuficiente, da ineficiência administrativa à insegurança nas ruas, da farra das empreiteiras à indigência dos municípios – o país será o mesmo. Tanto o Congresso quanto o Executivo continuarão olhando para o próprio umbigo, pensando nos próximos quatro anos. Ninguém, em funções de relevo, cogita do que será o Brasil dentro de vinte, trinta ou cinquenta anos. O futuro não faz parte das preocupações nacionais, até porque os políticos de hoje não estarão mais aqui. Não é problema deles.
INTERPRETAÇÃO EM ABERTO
Impossível, por enquanto, interpretar o significado do manifesto dos generais de quatro estrelas, todos na reserva, criticando não só o ministro da Defesa, mas o governo inteiro. Em outros tempos os tanques estariam na rua, ou os signatários na prisão. Fica difícil aceitar que os comandantes atuais não conhecessem previamente o pronunciamento. Que reação terá o embaixador Celso Amorim? Advertir a todos ou ficar calado? A presidente Dilma comentou apenas que se os generais não querem pedir desculpas pelos excessos do regime militar, “que não peçam”.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário