Desde que perdeu a eleição, o governo
Roseana Sarney vem se especializando em cometer atitudes inócuas que só
evidenciam as razões pelas quais merecia ser derrotado. Primeiro, quis
licitar ao valor de 1 bilhão de reais uma reforma do Sistema
Penitenciário que em quatro mandatos não conseguiu implantar. Não deu
outra. Perdeu na Justiça e não conseguiu convencer ninguém de suas boas
intenções.
Outro dislate foi a morosidade imposta à
transição governamental, retardando até onde pode a entrega de
documentos e informações sobre a situação do Estado, o que gera a
desconfiança de que quer esconder alguma coisa ou, no mínimo, pretende
atrapalhar o planejamento da nova gestão. E aqui, mais uma vez, no
revelar de descompromisso com o futuro do Maranhão, mostra que, de fato,
o governo merecia a acachapante derrota.
São tolices que sucedem uma outra,
cometidas quando sentiu que não havia meios de vencer a eleição: a
tentativa de transferir, fundo a fundo, sem projetos, recursos dos
empréstimo bilionários do BNDES para prefeituras cujos gestores
apoiassem o então candidato do governo Lobão Filho. A Justiça vetou e o
governo perdeu a confiança do BNDES, que, imediatamente, mandou avisar
que não faria qualquer transferência de recursos no período eleitoral.
Há dois dias, sob o título ‘Movimentos de
xadrez’, o jornal O Estado do Maranhão, pertencente à família da
governadora, anunciava o absurdo dos absurdos, o casuísmo dos casuísmos:
a estapafúrdia ideia de realizar, nos dois meses que antecedem a posse
do governador eleito Flávio Dino, uma eleição indireta para governador e
uma nova eleição para presidente da Assembleia. Ontem, o mesmo jornal
se orgulhava da publicação, tratando Roseana de rainha e os
parlamentares de peões tarefeiros.
Quanta sandice! Só se pode pensar que o
governo faz questão de referendar a derrota humilhante que lhe foi
imposta pelo povo nas urnas, pois só dá para enxergar duas consequências
lógicas para tão extravagante proposta: a primeira é que eles perderam a
eleição direta e vão perder a indireta também; a segunda é que,
inevitavelmente, perderão duas eleições sucessivas para a Mesa Diretora
da Assembleia Legislativa.
Há muito desconfiavam alguns que Roseana
havia deixado de governar o Maranhão, o que, a ser real, talvez fosse
melhor para o Estado. Essas tolices indicam, entretanto, que ela busca
meios de desgovernar os quatro anos do governo Flávio Dino e isso, mais
uma vez, reforça a tese de que a derrota nas urnas foi mais que
merecida.
À ausência de gestão, junta-se, agora, a
mais completa falta de inteligência e de bons propósitos. Enquanto
coleciona sandices, o governo deixa claro que não podia continuar sendo
governo, se não desiste de atacar a democracia e de fazer tudo para
empacar o desenvolvimento do Maranhão. Como, aliás, sempre fez.
(Editorial do JP)
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