Vicente Nunes
Correio Braziliense
A promessa de diálogo e de mudança feita pela presidente reeleita Dilma Rousseff, logo após as urnas confirmarem a sua vitória, está longe de convencer os agentes econômicos. A despeito de boa parte de empresários e consumidores terem emitidos sinais favoráveis em relação ao discurso da petista, muitos duvidam da real intenção de reconciliação dela com o capital. Os últimos quatros anos foram de embates profundos e de distanciamento. Não será da noite para o dia que as pontes serão reconstruídas.
Dilma sabe do estrago monumental que provocou na economia ao optar por experimentos ultrapassados, como aceitar um pouco mais de inflação para crescer. O resultado foi tão ruim que, no ano de eleições, em vez de estar surfando em indicadores positivos, entregou recessão e carestia acima da meta. Por isso, quase perdeu a disputa para Aécio Neves.
A confiança que a petista precisa para garantir um bom segundo mandato passa, antes de tudo, pela humildade de saber ouvir e de assumir os erros. Só assim terá condições de escolher uma boa equipe, sobretudo na área econômica, de delegar atividades e de pôr fim ao excesso de intervencionismo. Não há mais como a presidente da República ser, ao mesmo tempo, chefe da Nação, ministra da Fazenda, presidente do Banco Central e ministra de Minas e Energia.
CONCENTRADORA
Talvez por querer concentrar tudo, a presidente deixou correr solta a corrupção que sugou mais de R$ 10 bilhões da Petrobras, não conseguiu reverter parte do atraso da infraestrutura que mina a competitividade do país e alimentou uma burocracia que pune a sociedade, sobretudo quando os temas são saúde e educação. Mais: permitiu que as contas públicas se tornassem uma obra de ficção.
O tempo está correndo contra Dilma. Quanto mais ela demorar para se reaproximar dos investidores, pior serão as consequências. O ano de 2015 já está comprometido. Não há milagre que fará a economia crescer muito além de 1%, devido às pendências criadas no atual mandato. A situação tende a ficar mais complicada, porque a petista terá um Congresso muito mais fragmentado. Reunir apoio sem ceder a chantagens políticas exigirá habilidades que, até hoje, ela não demonstrou.
Dilma nunca dependeu tanto de Dilma para definir em que patamar da história pretende se colocar. Tomara não seja o da mediocridade, até porque o país não merece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário