Por Othelino Filho
Como se sabe, as oligarquias são
constituídas por pequenos grupos que comandam a política e controlam as
ações econômicas, sociais, culturais etc., geralmente de estados ou
determinadas regiões, em benefício de interesses pessoais, quase sempre
usando o povo como massa de manobra. Quanto mais dominadoras,
imponentes, maior a sua influência nas instituições, introduzindo os
seus tentáculos em todas as esferas de poder. Assim evoluiu a oligarquia
sarneyzista, por todo o Brasil.
O ainda senador amapaense José Sarney se
notabilizou como o chefe da mais longeva, ininterrupta e operosa (de
titularidade intransferível) entre todas as oligarquias nacionais. Em
havendo um presidente da República, lá, invariavelmente, estava Sarney.
De Kubitschek à Dilma, não poupou nenhum, tal qual uma sombra.
Viveu sob a órbita, como satélite atento,
de 13 presidentes (em um período foi a própria estrela, assumindo a
chefia do governo central, na condição de vice, com a morte do
presidente eleito Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985.
Entregou o mandato ao sucessor no início
de 1990, então mais do que raivoso adversário, inimigo ferrenho, que o
chamou reiteradas vezes de ladrão e jurou colocá-lo na cadeia, Fernando
Collor de Mello. Pouco tempo depois, se tornaram prestativos
correligionários e amigos do peito. E as denúncias e juras de Collor se
perderam no espaço e no tempo…
Durante sua longa vida pública, Sarney não apenas testemunhou, como deu apoio a dois golpes de Estado.
Não faz muito, foi atingido por um golpe
legítimo, quase mortal, durante um processo que já revelaria
fragilidades nas armações de estratégias da cúpula palaciana: a eleição
livre e democrática do governador oposicionista Jackson Lago, em
30.10.2006, como fruto da onda libertária que já envolvia o Estado.
Jackson seria injustamente cassado por meio de um julgamento político,
no TSE, em 16.04.2009. Agora, no memorável 05.10.2014, foi atingido por
um inferno astral fulminante, determinando o ocaso melancólico da
abominável oligarquia e sua nefasta influência no Maranhão e no Brasil.
Daí a importância também histórica da eleição de Flávio Dino (PC do B),
para o governo do Maranhão..
Dentre os derrotados nestas eleições,
encabeça a lista o próprio Sarney. Além de ter sofrido uma humilhante
derrota no Maranhão, perdeu grande parte da influência no Congresso.
Sarney, que chegou a liderar diretamente 08 senadores, agora só conta
com João Alberto e Lobão. E olhe lá! Além de não ter tido condições
eleitorais de disputar a reeleição para o Senado, o candidato
apresentado por ele, Gilvan Borges, foi derrotado pelo deputado estadual
David Alcolumbre. Vencer Sarney no Amapá fez partidos ideologicamente
antagônicos se aliarem. O senador eleito foi apoiado por PSB, DEM, PSOL,
PT, dentre outros. No mais, merece destaque a derrota do filho do Jader
Barbalho, no Pará. A população mandou pra casa a cria de um coronel do
batalhão de Sarney.
No Maranhão, a filha predileta e herdeira
do agora espólio do império, depois do último baile na “Ilha”, cansou
dos bobos da corte e/ou também não quis ousar diante do Tsunami
avassalador, conduzindo com uma explosão inusitada o sentimento de
mudança que invadiu a consciência crítica, os anseios, a fé e a
esperança dos maranhenses e brasileiros de todos os rincões.
O governador eleito Flávio Fino está
fortalecido em todos os sentidos. Além de haver recebido o agradecimento
e o reconhecimento pelo seu excelente trabalho à frente da EMBRATUR,
inclusive pela própria presidente reeleita Dilma Rousseff (que fez
questão de demonstrar sua amizade e carinho pelo ex-auxiliar), teve um
fantástico desempenho eleitoral.
É o único governador eleito do PC do B,
Liderou a eleição de expressivas bancadas de deputados federais e
estaduais, com ênfase para a vitória do primeiro senador de oposição ao
clã Sarney, pelo Maranhão, em mais de meio século: Roberto Rocha. Se
isso não bastasse, o Maranhão deu a maior votação proporcional à
presidente reeleita.
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