Vasconcelo Quadros e Wilson Lima
iG São Paulo e iG Brasília
Uma das testemunhas da Lava Jato, a contadora Meire Poza afirma em depoimento à Polícia Federal, que o laranja Waldomiro de Oliveira, um dos operadores de confiança do doleiro Alberto Youssef, contava com facilidades suspeitas para fazer grandes saques em espécie em bancos sem chamar a atenção de órgãos de fiscalização do sistema financeiro.
“Waldomiro tinha algumas facilidades junto aos bancos, sendo capaz de sacar quantias altas em espécie, cerca de setecentos a oitocentos mil reais por dia (…), bem como mantinha algum tipo de esquema para que essas operações não fossem reportadas ao Coaf”, diz a contadora, no depoimento prestado em julho.
Como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, recebe um alerta sobre operações igual ou superior a R$ 10 mil, os investigadores suspeitam que os saques seriam fragmentados em valores abaixo do teto que dispara o alerta ou, então, o laranja poderia contar com a conivência de funcionários dos dois bancos em que tinha contas, o Santander e a Caixa Econômica Federal.
A contadora descreve Oliveira como “uma pessoa bastante simples” para a alta porcentagem de 14% que cobrava por cada nota fiscal fria emitida através da MO Consultoria – empresa de Youssef – e que sua participação no esquema se justificaria pelas facilidades de operar junto aos bancos.
NOTA FISCAL FRIA
Segundo Poza, em determinada ocasião Youssef teria se irritado com Waldomiro por este ter emitido nota fiscal fria também a Delta Construções, empresa investigada no início de 2012 por supostas relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira, detalhe que poderia tê-lo complicado na CPI do Congresso que investigou o caso.
O laranja trabalhava também para a GFD, a RCI Software e a Empreiteira Rigidez, todas elas ligadas ao doleiro e suspeitas, conforme apontam as investigações, de fazer a interface dos partidos políticos e personagens beneficiados com a propina com as empreiteiras que superfaturavam as obras da Petrobras.
As notas fiscais frias eram emitidas em nome das empreiteiras por serviços ou materiais fictícios, dinheiro que chegava ao esquema de distribuição da propina assim que as empresas recebiam do governo pela execução de grandes obras. O dinheiro desviado da Petrobras era destinado aos partidos da base do governo, a diretores da Petrobras e aos laranjas.
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