sábado, 29 de novembro de 2014

Gilmar Mendes deve uma explicação

Carlos Chagas
Conhecido por sua independência, até mesmo quando repeliu e denunciou uma investida do ex-presidente Lula para acobertar o processo do mensalão, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, está devendo uma explicação ao país. Faz oito meses que a mais alta corte nacional de justiça registrou quatro votos favoráveis à proibição de empresas privadas doarem recursos para campanhas eleitorais. Tudo indicava a vitória imediata de uma causa mais do que ética e justa, defendida pela imensa maioria da opinião pública. A hora seria de interromper a malandragem especialmente de empreiteiras acostumadas a carrear centenas de milhões para eleger candidatos que, logo depois, se tornam gazuas para a obtenção de contratos, superfaturamentos e sinecuras junto a órgãos públicos e estatais do tipo Petrobras.
Imaginou-se, até, uma decisão unânime do Supremo no sentido da proibição das doações privadas e do estabelecimento do financiamento público das campanhas, proposta constante da sempre anunciada mas jamais concretizada reforma política.
Pois não é que na hora de votar Gilmar Mendes pediu vista do processo? Nada mais natural, caso necessitasse de mais alguns esclarecimentos a respeito do processo, mas oito meses engavetando seu voto não deixa de ser estranho. Cheira a protelação. Caso tivesse opinião contrária à proibição, tudo bem, seria um direito dele pronunciar-se em favor das doações empresariais. Mas paralisar por tanto tempo o julgamento levanta suposições. O que pretenderia o ministro? Que as eleições de outubro passado se realizassem com doações amplas, gerais e irrestritas? Isso já aconteceu. Estaria tentando esticar a indefinição para as eleições municipais de 2016 e as gerais de 2018? Seria esse o papel do Supremo Tribunal Federal, quem sabe aguardando uma hipotética decisão do Congresso?
Felizes estão as empreiteiras, com caminho aberto para continuar distorcendo o processo eleitoral, como ainda agora aconteceu nos escândalos da Petrobras. Trata-se de um mistério que, com todo o respeito, aguarda-se Gilmar Mendes para ajudar a decifrar…
SINAIS INVERTIDOS
Na semana que passou, ao apresentar-se como a nova equipe econômica, mesmo não empossada, Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini mostraram-se felizes e realizados por contar com a confiança da presidente Dilma. Exageraram e inverteram a lógica, porque a presidente Dilma é que deveria estar realizada e feliz em dispor do apoio da trinca. Sozinha, ou junto com Guido Mantega, ela não chegaria a lugar algum. Tanto que apelou para a mudança. Sendo assim, deveriam Levy, Barbosa e Tombini refluir em seus rapapés e conscientizar-se de serem eles, e não ela, a tábua de salvação para a crise econômica.
 
 

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