Carlos Chagas
Conhecido por sua
independência, até mesmo quando repeliu e denunciou uma investida do
ex-presidente Lula para acobertar o processo do mensalão, o ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, está devendo uma explicação
ao país. Faz oito meses que a mais alta corte nacional de justiça
registrou quatro votos favoráveis à proibição de empresas privadas
doarem recursos para campanhas eleitorais. Tudo indicava a vitória
imediata de uma causa mais do que ética e justa, defendida pela imensa
maioria da opinião pública. A hora seria de interromper a malandragem
especialmente de empreiteiras acostumadas a carrear centenas de milhões
para eleger candidatos que, logo depois, se tornam gazuas para a
obtenção de contratos, superfaturamentos e sinecuras junto a órgãos
públicos e estatais do tipo Petrobras.
Imaginou-se, até, uma
decisão unânime do Supremo no sentido da proibição das doações privadas e
do estabelecimento do financiamento público das campanhas, proposta
constante da sempre anunciada mas jamais concretizada reforma política.
Pois não é que na hora de
votar Gilmar Mendes pediu vista do processo? Nada mais natural, caso
necessitasse de mais alguns esclarecimentos a respeito do processo, mas
oito meses engavetando seu voto não deixa de ser estranho. Cheira a
protelação. Caso tivesse opinião contrária à proibição, tudo bem, seria
um direito dele pronunciar-se em favor das doações empresariais. Mas
paralisar por tanto tempo o julgamento levanta suposições. O que
pretenderia o ministro? Que as eleições de outubro passado se
realizassem com doações amplas, gerais e irrestritas? Isso já aconteceu.
Estaria tentando esticar a indefinição para as eleições municipais de
2016 e as gerais de 2018? Seria esse o papel do Supremo Tribunal
Federal, quem sabe aguardando uma hipotética decisão do Congresso?
Felizes estão as
empreiteiras, com caminho aberto para continuar distorcendo o processo
eleitoral, como ainda agora aconteceu nos escândalos da Petrobras.
Trata-se de um mistério que, com todo o respeito, aguarda-se Gilmar
Mendes para ajudar a decifrar…
SINAIS INVERTIDOS
Na semana que passou, ao
apresentar-se como a nova equipe econômica, mesmo não empossada, Joaquim
Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini mostraram-se felizes e
realizados por contar com a confiança da presidente Dilma. Exageraram e
inverteram a lógica, porque a presidente Dilma é que deveria estar
realizada e feliz em dispor do apoio da trinca. Sozinha, ou junto com
Guido Mantega, ela não chegaria a lugar algum. Tanto que apelou para a
mudança. Sendo assim, deveriam Levy, Barbosa e Tombini refluir em seus
rapapés e conscientizar-se de serem eles, e não ela, a tábua de salvação
para a crise econômica.
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