Por Abdon Marinho
O governador-eleito do Maranhão, Flávio
Dino, tem dito com certa frequência que sua meta é elevar o IDH do
estado. Não é uma tarefa de outro mundo. Acredito colocando o poder
publico a serviço da sociedade e não o aparelho estatal a serviço dos
apaniguados do poder, e temos inúmeros exemplos, disso basta ver as
sequências de de demissões promovidas pela atual governante, mostrando
centenas de pessoas recebendo dos cofres públicos, sem que, ao menos a
grande maioria, faça a contraprestação de serviço; colocando os
contratos públicos nos seus preços reais ou com a execução dentro do
pactuado, poderemos colocar o Maranhão no caminho do desenvolvimento.
Ainda assim, será uma tarefa monumental.
Contrariando a propaganda oficial do governo que a cada minuto nos vende
o Maranhão como o melhor dos mundos, a ONU divulgou o IDH (índice de
Desenvolvimento Humano). Em que pese ter havido, no aspecto geral, uma
melhora nos indicadores, os números do Maranhão ainda são sofríveis.
O Maranhão permanece à frente apenas de
Alagoas, pelos dados de 2010. Dos nossos 217 municípios, apenas 59,
praticamente um quarto, não possuem baixo IDH, apenas 4 (São Luís,
Imperatriz, Paço do Lumiar e São José de Ribamar), possuem alto IDH,
nenhum, muito alto. Os demais, 55, possuem IDH médio. Apenas para se ter
uma ideia nenhum dos nossos municípios estão entre os 100 mais
desenvolvidos, aliás, o primeiro no ranking local, a capital, ocupa a
posição 249ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros, ainda assim,
acima da média do Maranhão e do Brasil.
Na parte debaixo da tabela o Maranhão se
encontra, três quartos dos municípios possuem baixo IDH, quatro, dentre
eles, muito baixo (Fernando Falcão, Marajá do Sena, Jenipapo dos Vieiras
e Satubinha). Vamos além, entre os 100 municípios brasileiros menos
desenvolvidos, duas dezenas, são nossos.
Como disse inicialmente, retirar o
Maranhão da situação que se encontra é uma árdua tarefa, mas o caminho a
ser seguido é o da melhoria dos serviços públicos, principalmente a
educação, um dos tripés do índice. Outro, a produção, como estratégia de
elevar a renda.
Quando o Atlas do Desenvolvimento
apresenta São Luís como a capital com melhor acesso a educação e por
isso mesmo puxando o indicador para cima, há que se resgatar como isso
aconteceu. Nas últimas décadas, começando com o prefeito Jackson Lago,
prosseguindo com Conceição Andrade, Jackson Lago, novamente e seus
sucessores, houve certa prioridade para educação pública básica, que foi
ampliada com o FUNDEF e depois FUNDEB. Não podemos perder de vista que
os dados apresentados agora foram coletados em 2010.
No plano estadual tivemos uma ampliação
do ensino médio no governo de José Reinaldo Tavares, garantindo esse
ensino em quase todos os municípios do estado.
Em linhas gerais essas são as razões destes indicadores positivos serem mostrados agora, no que se refere a educação.
Os efeitos do que os atuais gestores
realizaram e realizarão daquele ano até aqui e nos seguintes, para o bem
e para o mal, serão apurados no futuro. O que é perceptível na educação
da capital é que poderíamos ter avançado bem mais. Não vejo sentido
algum que tenhamos, por exemplo, em pleno século 21, escolas funcionando
em associações comunitárias ou que os estudantes percam e/ou atrasem o
ano letivo por conta de infindáveis reformas ou que tenhamos escolas
caindo os pedaços, conforme a imprensa não cansa de mostrar.
Ora, se os últimos gestores tivessem
buscado recursos junto ao FNDE e construído novas escolas e
creches/escolas dentro do novo padrão, com certeza os dados de hoje
seriam ainda melhores.
O fato de São Luís e a região
metropolitana apresentar essa melhora é farol a indicar o caminho.
Muitos municípios já vêm trilhando esse caminho. Temos exemplos de
iniciativas que logo mostrarão resultados satisfatórios. Um dos exemplos
de iniciativa com potencial exitoso é o Município de Morros, um dos
mais pobres do Brasil, ocupando a posição 161ª
no estado e a 5.225ª posição no país, bem
abaixo da média estadual e local. Desde 2009, a administração iniciou
uma política de polarizar as escolas da rede municipal eliminando
dezenas de escolas com funcionamento precário, multisseriado, em casas
de farinhas, capelas, associações e substituindo-as por escolas dentro
do padrão do MEC. Outra iniciativa é o fomento a agricultura familiar
através de campos agrícolas irrigados e com garantia de compra da
produção pelo poder público.
Como estas, existem outras em outros
municípios, que o novo governo poderá incentivar e espelhar em todo
estado com vistas a melhorar os nossos índices.
Nos períodos apurados pela pesquisa vemos
que os indicadores melhoraram, tanto os do estado quando dos
municípios, mas ainda estamos muito longe, até mesmo, da média nacional.
E, não podemos nos enganar, esses dados ainda possuem distorções.
Mostram uma elevação de renda que sabemos fictícia, uma vez que composta
dos inúmeros benefícios sociais que são recebidos pelas famílias, e
que, se retirados reduziriam parte dos avanços apontados.
O governador eleito que se propõe a
enfrentar esse desafio precisa compreender que o Maranhão tem que voltar
a produzir. Acabar com a cultura do assistencialismo e incentivar a
produção no campo. A pequena produção que foi esquecida nos últimos
tempos. As pessoas se acostumaram, de tal forma, a receber esmolas que
as agências de fomento agrícola não conseguem sequer cadastrar famílias
em seus programas.
Examinados os números, uma coisa é certa,
os municípios, sobretudo os mais pobres, não têm condições de alterarem
suas realidades de o apoio tanto do governo federal quanto do governo
estadual. Neste sentido é salutar que o governador eleito se mostre
interessado em trabalhar parcerias para para enfrentar os enormes
desafios.
Abdon Marinho é advogado.
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