terça-feira, 25 de novembro de 2014

O DNA da corrupção e a morte de Paulo Francis

Carlos Heitor Cony
Já tivemos a saúva como inimiga preferencial. Ela não acabou com o Brasil, mas fez o que pôde. Policarpo Quaresma e Macunaíma deixaram duas advertências históricas: derrotou o personagem de Lima Barreto que acreditava no Brasil e serviu de mantra para Mário de Andrade lançar seu famoso anátema, “pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são”.
A saúva foi para o banco dos reservas (pode entrar em campo a qualquer hora), mas a titular da posição, muito mais maléfica do que a saúva, é a corrupção que faz parte do nosso DNA. Basta consultar jornais, revistas, TVs e internet para identificarmos o micróbio que pode nos levar a um estado terminal.
Falo em DNA porque o vírus já se entranhou no organismo da nação. Para simplificar: se não fossem as propinas ainda estaríamos nus, arco e flecha na mão, esperando as caravelas de Cabral, não o governador, mas o almirante.
Um rápido e incompleto passeio por nossa história acusa sordidamente que JK, para construir Brasília, tornou-se a sétima fortuna do mundo. Do mesmo modo o prefeito Mendes de Morais jogava pôquer todas as noites com os empreiteiros que estavam construindo o Maracanã. O mesmo foi dito do ministro Mario Andreazza, que fez a ponte Rio-Niterói.
Itaipu teria sido uma corrupção binacional, enriqueceu dois ditadores que, por acaso ou não, eram militares no topo da carreira. O morro do Castelo desapareceu da paisagem porque os burros da Limpeza Pública puxavam, dia e noite, as carroças com a terra do desmonte. Foram tais e tantos que formaram a maior concentração de burros no nosso planeta, mesmo excetuando os burros que estão por aí.
O Paulo Francis morreu subitamente porque denunciou repetidas vezes que a alta cúpula da Petrobras superou saúvas e burros.
 
 

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