sábado, 29 de novembro de 2014

Presidente uruguaio chama México de “Estado falido”


Deu na Pátria Latina
O governo mexicano parece ter perdoado o presidente do Uruguai, José Mujica, pelas declarações fortes que ele fez à revista Foreign Affairs Latinoamérica. Naquela publicação, Mujica chamou o México de “Estado falido” por causa de uma série de problemas comuns a vários países da região. Agora, as críticas internas ao presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, soam ainda mais fortes.
As autoridades mexicanas convocaram o embaixador uruguaio, Jorge Alberto Delgado, para uma conversa. A Secretaria das Relações Exteriores daquele país também emitiu um comunicado afirmando estar “surpreendida” e “rejeitando categoricamente” certas declarações de Mujica.
O site mexicano Sipse atribui a aspereza da entrevista à “franqueza” de Mujica, “presidente humilde” que passou anos no cárcere durante a época da ditadura.
Já o próprio presidente uruguaio fez uma tentativa de retificar, afirmando que “frente ao narcotráfico estamos falindo todos” e que “o que passa com ele, amanhã pode se passar comigo”. A “Suíça latino-americana ” tem índices menores de crime organizado, tráfico de drogas e sequestros do que vários países do continente.
DOENÇA LATINA
Várias fontes citadas pela mídia confirmam que o incidente “já passou”. Mas, de qualquer modo, o presidente uruguaio atingiu uma parte doente no corpo político e social da América Latina.
Mesmo não sendo as palavras de Mujica acusações, mas uma opinião pessoal, o México não pode fazer como se nada acontecesse. A comunidade internacional e a população nacional já têm a sua atenção posta nas ações do governo mexicano. E Enrique Peña Nieto recebe uma avalanche crescente de críticas.
Os internautas criaram um apelo no Twitter, dizendo #RenunciaEPN (EPN é Enrique Peña Nieto). A cada minuto, aparecem novas postagens com este lema. A mídia local já especula sobre um futuro próximo sem Peña Nieto.
Uma renúncia do presidente antes do fim do mandato (em 2018) é possível se o Congresso aceitar os motivos do presidente. Ainda não houve reações oficiais do governo a esse respeito.
O empresariado também expressou a sua preocupação com a insegurança no México. O presidente do Conselho Coordenador Empresarial (CCE) nacional, Gerardo Gutiérrez Candiani, disse que os empresários manifestam “a sua solidariedade com todas as vítimas e as famílias afetadas pela insegurança pública”.
A ENTREVISTA
O motivo da matéria na Foreign Affairs foi o desaparecimento de 43 estudantes na localidade mexicana de Ayotzinapa, que fez parte de uma obscura operação policial contra o narcotráfico. Mujica respondeu o seguinte: “Dá-se a sensação, visto à distância, que se trata de uma espécie de Estado falido, que os poderes públicos perderam totalmente o controle, estão carcomidos. É muito doloroso o que se passa no México. Eu apelo a que o México reaja na sua ética e na sua moral”.
Esta última frase teve continuação, com o presidente uruguaio explicando que “isto foi possível por uma gigantesca corrupção”, que se tornou “um tácito costume social”.
O pior é que a entrevista publicada no site da revista é um resumo. Segundo a nota da redação, a entrevista completa será divulgada em janeiro. Então, José Mujica irá ter um mês até o fim do seu mandato presidencial, em 15 de fevereiro. (artigo enviado por Sergio Caldieri)
 
 

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