Por Luciana Lima - iG Brasília
Depois do apoio dado à campanha para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apresentou a fatura ao governo. Além de repudiar a indicação da senadora Kátia Abreu para comandar o Ministério da Agricultura, as lideranças do MST exigem que, até julho do próximo ano, a presidente zere a demanda imediata do movimento e assente no campo 120 mil famílias.
O pedido já foi levado ao governo pelas lideranças do movimento em conversas com Miguel Rossetto, atual ministro do Desenvolvimento Agrário, que deverá se ocupar oficialmente, a partir de janeiro, da relação do governo com movimentos sociais, função principal da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Além disso, o movimento busca um acordo com o governo para que seja estabelecida uma meta de assentar, a cada ano do segundo mandato, pelo menos 50 mil famílias, ponto que o governo resiste em atender.
“Já conversamos sobre isso com o Rossetto. A gente quer que ela construa com todos os outros movimentos do campo um plano de metas. O MDA não quer fazer um plano de metas, o Incra não quer fazer um plano de metas, porque tem medo de não cumprir as metas. Nós acreditamos que para resolver o problema das desapropriações tem que ter um plano de metas. Da nossa parte, neste plano de metas, vamos pedir que pelo menos 50 mil famílias sejam assentadas, a cada ano, até o final do mandato dela”, criticou um dos coordenadores nacionais do MST, Alexandre Conceição, em entrevista ao iG.
Conceição, não poupou críticas ao tratamento dado pela gestão de Dilma no primeiro mandato à reforma agrária. “Dilma foi pior que Sarney”, comparou, referindo-se à média de 23 mil famílias assentadas a cada ano, marca do governo de Dilma.
“Sempre tivemos uma relação de cobrança de nossa pauta seja qualquer governo. No quesito reforma agrária, o governo Dilma é um dos piores. Dilma foi pior que Sarney. Ela apresentou no ano passado 100 decretos, que não chegaram a assentar 20 mil famílias. A média da presidente tem sido assentar 23 mil famílias por ano, uma das piores de todos os presidentes após a redemocratização do Brasil”, criticou Conceição.
“Diálogo a gente tem muito, conversa conversa, conversa. Mas o atendimento da pauta da reforma agrária tem sido muito aquém do desejado”, reclamou.