quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Feliz estresse em 2015



Eduardo Aquino
Que maravilha esse mecanismo que nos faz super-seres, capazes de multiplicar a eficiência ao lutar ou correr de predadores reais, perigos iminentes e situações de risco extremo. Adrenalina nas veias,coração a mil, reflexos extremados, rapidez de raciocínio e o espanto ao perceber que lutamos contra o ladrão com o dobro de peso, corremos mais que o pitbull babando, pulamos o muro de dois metros, desviamos da carreta dando um golpe de direção digno de um Ayrton Senna. Santa agilidade reflexos de uma rapidez indescritível.
Para quem já passou por momentos extremos e sobreviveu, um brinde ao estresse! Mas a vida sempre nos cobra o que excede ou falta, e coube ao único mamífero pensante, lógico e falante usar muito mal esse mecanismo divino. Maravilhosamente ativado por todas as espécies, que se estressam diante das ameaças reais e imediatamente relaxam após o perigo passar, deveríamos aprender e parar com essa péssima mania de criar riscos imaginários, ser assaltado por terríveis conteúdos mentais, sofrimentos antecipatórios, preocupações exageradas sem sentido e pensamentos disparados.
Que pena que os fabricadores do “mau estresse”, os que projetam imagens ou filmes mentais sempre alarmantes e pessimistas, disparem o mecanismo natural desnecessariamente, intoxicando corpo, mente e alma. Haja sintomas físicos com exames normais, haja insônia, depressão e crises de ansiedade por indução errada de situações do falso estresse. Aliás, quem sabe, aprendêssemos que doses de angústia, medo, culpa, insegurança, ciúme, vaidade e inveja, se bem usadas, temperam nossa existência, nos impelem a viver com prudência, sabedoria. Pois, no fundo, não existem virtudes nem defeitos, certos ou errados. Como diriam os romanos, “in medium virtus”, ou a virtude está no meio!
APRENDER A VIVER
A arte de bem usar situações de estresse reais e desmobilizar o vício de criar via preocupações irrealísticas sofrimentos antecipatórios, ou seja, falsos “maus estresses”, significa aprender a viver bem, resgatar a qualidade de vida, esvaziar os pensamentos doentios e delirantes. Literalmente, o mundo é dos relaxados, lúdicos, desapegados, enfim, os que realmente entregam para Deus, tem a fé verdadeira, creem na eternidade e lidam bem com perdas, temor da própria morte, por exemplo. Rever conceitos é essencial, inseri-los no cotidiano, praticando-os, muda literalmente as configurações neuronais, segundo novos conceitos sobre plasticidade cerebral.
No fundo, tudo é simples e natural. Artificial é abusar dos “rivotris e diazepans” da vida. Um 2015 de bom estresse para todos! E, quando ele não for necessário, (em 99% do tempo), relaxe e viva! (transcrito de O Tempo)
 
 

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