O ano de 2014 ficará marcado como um marco anticorrupção, “nunca antes existido no país”. No Brasil, o Fato do Ano, da década, do milênio, foi certamente a prisão dos corruptores, os executivos das empreiteiras.
O Homem do Ano, o juiz Sergio Moro, e a Instituição merecedora de todas as honras, a Polícia Federal, representada pelos delegados da operação Lava Jato. O Ministério Público, representado pelos procuradores federais da Java Jato, merecem o título de Entidade do Ano de 2014, também nota dez.
Os delatores não merecem honraria nenhuma, pois apenas agiram desse modo para evitar longos períodos na cadeia, para evitar a punição do Marcos Valério, apenado com a excessiva pena de 40 anos de prisão.
Injustiça do ano, a permanência de Roberto Jeferson, o delator do mensalão, no regime fechado, enquanto outros do seu quilate já se encontram em quase liberdade, ou seja, em prisão domiciliar.
JOAQUIM BARBOSA
Personalidade do Ano de 2014, o guerreiro que pendurou sua toga, o ministro aposentado do STF, Joaquim Barbosa, pela sua magnífica atuação como relator do Mensalão.
O título de Parlamentar do Ano, vai para o senador Pedro Simon, um oásis em meio a tanta nulidade.
No mais, está difícil nomear mais alguma personalidade num ano trágico como foi o de 2014.
DEMOCRACIA AMEAÇADA
As instituições políticas estão em descrédito há muito tempo, só que agora atingiram um limite insuportável. A proporção do escândalo é grave. A democracia está em sério risco de ruptura.
Por exemplo: não é só a Petrobrás, que precisa de uma mudança na estrutura de comando, o Congresso também. Desde a redemocratização, um único Partido comanda as duas casas congressuais. Por um breve período, Aécio, Maia, Severino e Arlindo comandaram a Câmara dos Deputados, mas no Senado é sempre o PMDB. São sempre os mesmos no revezamento do Poder nas Casas Legislativas.
Então, a pressão sobre o Executivo para a ocupação dos cargos na máquina federal se torna avassaladora e o mandatário-mor, seja quem for, fica na obrigação de atender aos reclamos da classe política. Assim, são nomeados para cargos nas estatais e nos ministérios os executivos compromissados com este ou aquele parlamentar, logo não se comprometem com a eficiência nem com as causas da nação, falo de patriotismo, palavra fora de moda.
STATUS MANTIDO
Não tenho esperança alguma de que o “staus quo” vá mudar de uma hora para outra. Acaba um escândalo corruptivo e logo aparece outro mais escabroso do que o anterior. Apenas uma medida será capaz de estancar o sangramento dos recursos nacionais: a certeza de que os corruptos e corruptores amargarão um longo período atrás das grades, sejam eles parlamentares, ministros, governadores e empresários, todos dividindo o cárcere com os pobres da classe C.
Agora, certamente os ocupantes dos cargos
vagos pensarão cem vezes antes de se locupletarem em cartéis e
recebimento de propinas dos mais variados setores.
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