sábado, 3 de janeiro de 2015

A quadrilha vai continuar no poder, promete Gilberto Carvalho

 Governo Sociedade Civil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Carvalho ressalva que não é ladrão
Luciana Lima
iG Brasília
Com um discurso emocionado, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho (PT-SP), deixou o governo nesta sexta-feira (2). Ele se desculpou por suas declarações à imprensa que irritaram a presidente Dilma Rousseff e respondeu aos que acusam os integrantes do governo de fazer parte de uma “quadrilha”.
“A quem diz que perdeu as eleições para uma quadrilha, quero responder que é essa a nossa quadrilha. Para eles, pobre é quadrilha, essa é a quadrilha dos pobres, que foram injustamente vencidos na história, que foram o tempo todo marginalizados e que agora estão sendo tratados minimamente com dignidade. Com muito orgulho quero dizer que pertenço a essa quadrilha e vamos continuar mudando no País”, disse Carvalho durante a cerimônia de transmissão de cargo.
O ex-ministro foi substituído por Miguel Rossetto. A pasta tem a função de fazer a interface do Planalto com movimentos sociais. Rossetto disse que seguirá a orientação dada pela presidente Dilma de não retroagir em direitos já conquistados. “Há que se dar continuidade a um projeto iniciado com um conceito expresso. Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás”, disse o ministro Rossetto.
NÃO É LADRÃO
Antes, Carvalho, em um discurso emocionado, disse que não é ladrão. “É por conta dessa gente que ganhamos as eleições, é por conta desse tipo de mudança que ganhamos as eleições. E ai de quem se apega ao poder. A política é feita para servir. A imensa maioria dos nossos companheiros, ministros e assessores trabalha aqui por amor, trabalha aqui para servir. Nós não somos ladrões. Eu volto para casa depois de 12 anos com minha quitinete rural e com meu apartamento que estou devendo para o Banco do Brasil durante 19 anos. Desafio certas vestais a comparar a evolução patrimonial de todos eles com os nossos ministros, nossos parlamentares, nossa gente. Não vamos levar desaforo para casa. Temos dignidade”, disse o ministro, arrancando aplausos da plateia.
O petista continuou o desabafo. “É verdade que há entre nós aqueles que tombaram e aqueles que caíram nos erros. Diferentemente de antes, cada um de nossos companheiros que cometeu um erro foi punido, pagou um preço doloroso para nós, mas pagou o preço e isso eu espero que sirva de fato para um novo padrão republicano.”
“SINCERICÍDIO”
Carvalho disse que suas declarações feitas a imprensa ocorreram em momentos de “sincericídio”. “Eu pedi desculpas a ela porque eu dei muita dor de cabeça a ela, principalmente, devido as minhas declarações à imprensa”, afirmou.
“Nesta casa ninguém falava com os jornalistas e eu caía na deles e de repente isso virava uma bomba. Mas em nenhum momento eu me arrependi”, disse Carvalho, que protagonizou episódios de saia justa no governo. Na Copa do Mundo, por exemplo, Carvalho rechaçou a ideia de que as vaias e xingamentos nos estádios contra a presidente, partiram da “elite branca”, como defendiam petistas, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



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