Em reportagem do programa Conexão Repórter, do SBT, que foi ao ar na noite deste domingo (22), o jornalista Roberto Cabrini exibiu uma longa investigação sobre o esquema de propinas que envolve políticos dos mais variados escalões. Entre os denunciados, no bojo da Operação Miqueias, foi citado o deputado federal e vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA).
O nome do deputado maranhense foi revelado como um dos participantes, em um suposto esquema de fraude em fundos de pensão municipais, pela modelo Luciane Hoepers, ex-namorada do doleiro Fayed Traboulsi e ‘aliciadora’ de prefeitos.
De acordo com a Polícia Federal, o esquema consistia no aliciamento de prefeitos e gestores de regimes próprios de Previdência Social a fim de que eles aplicassem recursos das respectivas entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papeis pouco atrativos, geridos pela própria quadrilha e com alta probabilidade de insucesso.
Esses fundos eram formados por “papeis podres”, decorrentes da contabilização de provisões de perdas por problemas de liquidez e/ou pedidos de recuperação judicial dos emissores de títulos privados que compõem suas carteiras. Severos prejuízos foram verificados no patrimônio desses regimes próprios de Previdência Social.
Os prefeitos e gestores dos regimes de previdência eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado. O esquema contava também com a intermediação de importantes lobistas que faziam o elo entre agentes políticos e a quadrilha.
Entre as prefeituras maranhenses mostradas na reportagem do SBT deste domingo, a partir de anotações do doleiro Traboulsi em uma agenda de contabilidade, está a de Santa Luzia e Barreirinhas. A operação Miqueias foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 19 de setembro de 2013.
O deputado Waldir Maranhão foi procurado para se explicar sobre a acusação grave da testemunha que participou da organização criminosa. Ele não atendeu às ligações de Roberto Cabrini e nem retornou.
O processo da Operação Miqueias foi remetido ao STF (Supremo Tribunal Federal) em função da presença dos deputados federais Waldir Maranhão (PP-MA) e Eduardo Gomes (PSDB-TO). Eles têm foro privilegiado e não podem ser investigados em outras instâncias do Judiciário.