A movimentação de Lula iniciou-se no começo de fevereiro, logo após o Palácio do Planalto sofrer derrotas no Congresso
Dilma tira Mercadante da negociação com o Congresso após sofrer derrotas (Foto: EBC)
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Aconselhada
pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma
Rousseff colocou em prática o afastamento do ministro da Casa Civil,
Aloizio Mercadante, da articulação política do governo. A movimentação
de Lula iniciou-se no começo de fevereiro, logo após o Palácio do
Planalto sofrer derrotas no Congresso que foram atribuídas por petistas e
aliados à atuação do ministro petista, informa o jornal "O Estado de S.
Paulo", nesta segunda-feira (23).
As principais críticas a Mercadante referem-se a
decisões vistas como de confronto com o PMDB. O governo estimulou o
lançamento da candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acabou eleito presidente da Câmara, em
fevereiro.
Atribui-se também ao chefe da Casa Civil a ideia de
criação de um novo núcleo governista, com a participação do ministro das
Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e do agora ex-ministro da Educação Cid
Gomes (PROS). O que mais irritou pemedebistas foi a propalada ideia de
criação de um novo partido, por Kassab, entendido como uma tentativa de
reduzir poder do principal aliado do governo.
Até Lula pedir o afastamento de Mercadante das
funções de coordenador político, o ministro agia ativamente para tentar
aprovar no Congresso as propostas encaminhadas pelo Executivo. Chegou a
se reunir com as bancadas do PMDB e do PSD para pedir apoio ao pacote
fiscal formulado pela equipe econômica.
Mas essa função passou a ser exercida pelo ministro
da Fazenda, Joaquim Levy - especialmente depois que o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu ao Executivo uma das medidas
provisórias do ajuste fiscal, que reduzia a desoneração da folha de
pagamento das empresas.
Desde o início do mês, Levy já esteve no Congresso
reunido com Renan Calheiros e Eduardo Cunha para discutir as medidas do
pacote, assim como com a bancada do PT na Câmara, com a qual ele se
reuniu na última terça-feira. A ausência de Mercadante no encontro com
seu partido não passou despercebida aos participantes da reunião.
Protestos
Após as manifestações do dia 15 de março contra o governo Dilma, que levaram milhares de pessoas às ruas, outros nomes da articulação política vieram a público responder pelo Palácio do Planalto. Coube aos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, falar ainda no domingo sobre os protestos.
Após as manifestações do dia 15 de março contra o governo Dilma, que levaram milhares de pessoas às ruas, outros nomes da articulação política vieram a público responder pelo Palácio do Planalto. Coube aos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, falar ainda no domingo sobre os protestos.
O resultado da entrevista foi considerado “um
desastre” por petistas e aliados, principalmente pelo tom de confronto
adotado por Rossetto. No dia seguinte, houve a troca dos porta-vozes do
governo. Dessa vez, Cardozo fez dobradinha com o ministro de Minas e
Energia, Eduardo Braga (PMDB).
Ambos participaram de coletiva de imprensa no
Palácio do Planalto para, numa nova tentativa, apresentar uma resposta
do governo aos protestos. Mercadante, mais uma vez, esteve ausente. O
chefe da Casa Civil até participou do lançamento, no Palácio do
Planalto, do pacote anticorrupção, na quarta-feira passada.
Mas foi o ministro da Justiça quem voltou a ser o
protagonista na apresentação feita aos líderes do Congresso. Foi Cardozo
também quem comentou a queda na aprovação de Dilma, que chegou a 13%, e
a reprovação, a 62%, segundo o Datafolha.
O chefe da Casa Civil teve ainda participação
discreta na apresentação da medida provisória da renegociação das
dívidas dos clubes, lançada por Dilma e pelo ministro do Esporte, George
Hilton, na última quinta-feira.
Confiança
Embora o afastamento de Mercadante da coordenação política já tenha sido posto em prática, integrantes da cúpula do PT e de partidos aliados apostam que dificilmente Dilma irá tirá-lo da Casa Civil, por se tratar de um cargo de confiança da presidente.
Embora o afastamento de Mercadante da coordenação política já tenha sido posto em prática, integrantes da cúpula do PT e de partidos aliados apostam que dificilmente Dilma irá tirá-lo da Casa Civil, por se tratar de um cargo de confiança da presidente.
O ministro da Defesa, Jaques Wagner,muito próximo
de Lula, é o mais lembrado para assumir o posto por ser considerado mais
habilidoso na condução política. A presidente preferiu, até o momento,
ampliar o núcleo da articulação política, com a inclusão dos ministros
da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PCdoB), da Aviação Civil, Eliseu
Padilha (PMDB), e de Gilberto Kassab.
Declaração de Dilma da semana passada, de que irá
fazer mudanças “pontuais” em sua equipe, também foi interpretada por
aliados como um sinal da indisposição da presidente em tirar Mercadante
do Planalto.
Ele passou a ser o nome mais lembrado para voltar
ao Ministério da Educação, em substituição a Cid Gomes, depois que um
bate-boca com Eduardo Cunha no plenário da Câmara o levou à demissão.
Mas já há, entre líderes políticos, quem aposte que Dilma irá optar por
um “técnico” para tocar a pasta.
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