O estudante levou 26 pontos, espalhados em cortes no queixo, bochecha testa e nuca (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal)
Depois de uma discussão
durante a aula com uma colega de classe na última sexta-feira (20), um
estudante de um centro universitário de São Carlos (a 247 km de São
Paulo) diz ter sido espancado por um rapaz, que recebeu ajuda de outros
dois. Ele relata que apanhou porque é homossexual.
Segundo o estudante de publicidade e
propaganda Antônio Carlos Archibald, 23, o principal agressor é namorado
da colega com quem ele discutiu e cuja a identidade ele desconhece. Os
outros dois são colegas da mesma classe.
Archibald disse que foi até uma delegacia,
mas foi aconselhado a fazer o boletim de ocorrência apenas quando
soubesse nome e sobrenome desse agressor.
O estudante afirmou que levou 26 pontos, espalhados em cortes no queixo, bochecha testa e nuca.
Segundo Archibald, o Unicep (Centro
Universitário Central Paulista) investiga o caso e está tentando falar
com a aluna para localizar o namorado dela. "Eles me disseram que até
segunda-feira vão me dar o nome dele", disse ele à reportagem.
Archibald diz que pedia silêncio durante a
primeira aula de sexta-feira do curso de publicidade e propaganda.
Depois do segundo pedido, discutiu com a colega de sala, que o agrediu
com um tapa na cara. "Não sou santo. Quando ela fez isso, eu a empurrei.
Ela caiu no chão", diz.
Segundo o jovem, depois da agressão ele
decidiu ir para casa. Um telefonema da coordenadora do curso, no
entanto, fez com que ele voltasse à faculdade. Ela dizia que estava com a
agressora e pedia para que eles conversassem.
O estudante relata que, ao chegar na
faculdade, por volta das 20h40, três rapazes o esperavam - dois colegas
de classe, que garantiram que ele não fugisse - e o namorado da
agressora, que o esmurrou nas costas e jogou contra uma parede de vidro.
Antes de pedir socorro, ele ouviu seu agressor dizer: "Pra você
aprender que não pode bater em mulher, seu viado".
Apesar da quantidade numerosa de
testemunhas, ninguém o defendeu. "Não deu tempo, foi muito rápido", diz.
Ele levantou, correu até a sala da coordenadora, que o esperava com a
colega de classe. "A menina chorou muito. Eu realmente não sei se foi
uma armadilha dela e do namorado ou se ela também foi pega de surpresa".
A coordenadora do curso chamou uma
ambulância e ele foi encaminhado para a UPA (Unidade de Pronto
Atendimento) do bairro Santa Felícia.
Antônio diz que nunca escondeu sua
homossexualidade, e que nunca teve maiores problemas na faculdade por
isso. "Eu sempre fui chamado de 'viado', e acabei me acostumando e
deixando de me incomodar com isso, mas nessa situação foi horrível",
diz.
O jovem conta que não há nenhum grupo de
apoio às minorias na faculdade, e que pretende fundar um depois do
acontecido: "sei que posso ajudar contando a história, divulgando".
A reportagem ainda não conseguiu contato com o centro universitário para falar sobre o ocorrido.
(Folhapress)
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