segunda-feira, 23 de março de 2015

Segurança pública no Pará está um caos

Segurança pública no Pará está um caos (Foto: Reginaldo Ramos)
Alojamento da unidade do Corpo de Bombeiros em Marabá não oferece as mínima condições aos profissionais (Foto: Reginaldo Ramos)
A falta de estrutura e descaso com a Segurança Pública no Pará parece estar longe do fim. Imagens feitas por um aparelho celular e exibidas com exclusividade pela RBA TV, mostram policiais de uma unidade do Corpo de Bombeiros Militar do município de Marabá, sudeste do Estado, dormindo em colchões jogados no chão alagado.
Com goteiras no telhado e com as paredes do alojamento militar apresentando rachaduras e infiltrações os profissionais de segurança são obrigados a conviver com o desleixo das autoridades. Realidade nua e crua, vivida por um órgão que representa a segurança de mais de oito milhões de paraenses.
Um levantamento realizado em 2011, pela Associação de Cabos e Soldados e Bombeiros Militar do Pará, acusou que o descontentamento dos policiais com a falta de estrutura no trabalho afeta 70% da tropa. Em diversos municípios do Estado os policiais trabalham no limite. Além do número insuficiente de homens ainda existem registros de falta de combustível nas viaturas, armamento sucateado e até a falta de munição.
O prédio que abriga os policiais da localidade de Breu, distante 15 quilômetros da sede do município de Tomé-Açu, nordeste do Estado é um exemplo do descaso na segurança pública. Construído pelos próprios moradores e com as despesas de energia elétrica, combustível e alimentação dos policiais custeadas pela prefeitura, o local não dispõe de estrutura para garantir o trabalho efetivo da PM na região.
O agricultor João Nogueira, de 56 anos, é morador da comunidade, ele informou que a iniciativa dos moradores em construir o prédio se deu em função dos constantes assaltos na região.
“Fizemos a nossa parte, agora o governo infelizmente não colabora conosco e a situação é essa”, afirma o morador.
Em Belém, capital do Estado a situação é semelhante. Prédios históricos como o que abrigou o segundo batalhão da PM, situado na rua, Gaspar Viana, centro da cidade e o que por muito tempo serviu de quartel para o comando de Operações Especiais do Pará, localizado na Av. Alcindo Cacela, no bairro da Cremação, hoje fazem parte do quadro decadente da Segurança Pública. Ambos foram desativados, abandonados e hoje permanecem expostos ao tempo.
QUADRO INSUFICIENTE
A Polícia do Pará vive atualmente um dos piores quadros da Segurança Pública do país. Formado por 144 municípios o Estado do Pará possui uma das regiões mais populosa do norte do Brasil e conta com apenas 13.400 policiais militares, 3.900 bombeiros militares em atividade. Número insuficiente para garantir a segurança da população.
O número ideal seria de 31.757, policiais militares de acordo com a própria LOB (Lei Orgânica Básica da PMPA), segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados e Bombeiros Militar do Pará, Francisco Xavier. “O déficit chega a mais de 18.000 policiais, resultando em uma média de um policial para cada grupo de dois mil habitantes, quando o recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) é uma média de um policial para cada grupo de 250 pessoas”, afirma o presidente.
Xavier afirma que carência no efetivo faz com que um policial chegue a ter uma carga horária mensal que ultrapassa 250 (duzentas e cinquenta) horas, ultrapassando o que é recomendado pela a Lei, que determina uma carga horária de 40 horas semanais, de acordo com a necessidade do serviço. Sendo que os policiais que trabalham em regime de plantão deveriam cumprir carga horária de 24 horas de trabalho por 72 horas de descanso ou 12 horas de serviço por 24 de folga durante o dia e 12 horas de serviço por 48 de folga durante a noite, sem escalas durante seu período de folga.
De acordo com o deputado estadual soldado Tércio (PROS), presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Pará, (ALEPA), a Polícia Civil conta atualmente com um efetivo em torno de 3.340, policiais entre delegados, agentes de investigação, escrivães, peritos e motoristas.
“No Pará, principalmente no interior cada policial civil está trabalhando por cinco, tendo em vista que um delegado é responsável por várias delegacias. Esse déficit não garante um atendimento de qualidade à população. Por isso muitas vezes nas unidades de polícia a população encontra policiais cansados, estressados, tudo isso devido à carga de trabalho que é exaustiva. Vivemos hoje o sucateamento da segurança pública”, destacou o deputado.
O deputado afirmou ainda que na Polícia Militar a situação chega a ser pior. O número reduzido de policiais faz com que algumas áreas sejam priorizadas, principalmente os grandes centros, enquanto municípios do interior do Estado, muitas vezes, recebam policiamento apenas nos fins de semana.
“O efetivo está distribuído por quase todo o Estado, mas o número não é suficiente, onde podemos citar os municípios de água azul do norte com uma população de 32 mil habitantes e apenas 02 policiais militares e Igarapé-Miri com 60 mil habitantes e 06 policiais militares.
Dessa forma estamos caminhando pro caos na segurança pública, caso o governo do Estado não tome providências enérgicas contra essa situação”, finalizou.
(Diário do Pará)



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