segunda-feira, 6 de abril de 2015

CHARUTOS PARA LULA E A “ROLAGEM” DA DÍVIDA


Sebastião Nery
Da tribuna da Câmara, Carlos Lacerda, líder da UDN, fazia violento discurso contra o presidente Vargas, insinuando que ele era conivente com a corrupção. Flores da Cunha, general, gaúcho, deputado pela UDN, liderado de Lacerda, pediu um aparte:
– Sr. Deputado e líder Carlos Lacerda. Sabe a Câmara e sabe a Nação que sou adversário de Getúlio. Mas não admito que ninguém, nem mesmo V. Exa., meu correligionário e meu líder, diga ou sequer insinue que o presidente Vargas tenha ficado, em qualquer época, com um tostão sequer que não fora seu. Vargas sempre foi um homem probo e incorruptível.
De noite, no Catete, após o jantar, Getúlio conversava com amigos:
– O Flores deu uma boa hoje. Como eu tinha vontade de lhe mandar uns charutos! Quem os levaria? Nos seus rompantes, pode querer devolver.
No dia seguinte, um funcionário saiu com uma caixa de “Havanas”. Entrou na Câmara, no Palácio Tiradentes. O general estava na sala do café conversando numa roda, com a roupa branca, a bengala e o eterno charuto:
– General, preciso falar com o senhor.
– Pois não, meu filho. Pode falar aqui mesmo.
– Trago uns charutos que o Presidente mandou.
Flores arregalou os olhos, bateu a bengala no tapete:
– Que presidente, meu filho? Tem muito presidente por aí.
– O presidente do Flamengo, general.
– Ah, muito bem. Então me dê os charutos.
E soprou uma fumaça, feliz como um minuano.
Dilma está precisando mandar uns charutos para Lula.
ALCKMIN
O poeta Fagundes Varela sofreu dor igual. Perdeu filho em desastre:
“Eras na vida a pomba predileta
que sobre um mar de angústias
conduzias o ramo da esperança”.
Não há lágrimas que apaguem jamais. Quem o conhece sabe. O governador Alckmin é um ser humano intrinsecamente bom. E é um cristão.
JUROS
Todos falam em ajuste de tudo. Mas do ajuste nos escandalosos lucros dos bancos ninguém diz nada. Na Constituição de 1988, em seu artigo 166, o lobista dos banqueiros Nelson Jobim pôs a prioridade para o pagamento da dívida. O professor paranaense Helio Duque denuncia :
– O Orçamento de 2015 estabelece o total das despesas em R$ 2.863 trilhões, prevendo R$ 1,356 trilhão (47%) só para a rolagem da Dívida Pública, O extravagante número está na página 97 do Orçamento. O Orçamento de 2015 diz que aproximadamente 70% do endividamento seja “refinanciado”. Significa que o pagamento das amortizações ocorrerá pela emissão de novos títulos e a dívida velha será trocada por dívida nova,com juros mais altos, aumentando o saldo devedor.
– Em 2014, somente com pagamento de juros a conta foi de R$ 311 bilhões. Os principais “credores” são: A) Bancos nacionais e estrangeiros 47,24%. B) Fundos de Investimentos 17,77%. C) Investidores estrangeiros 11,32%. D) Fundos de Pensão 12,84%. E) Seguradoras 3,13%. F) Fundos administrados pelo governo 4,58%. G) Outros, 2,12%.
– Os títulos da dívida remuneram com uma das maiores taxas de juros do planeta. Os papéis emitidos pelo Tesouro Nacional são disputados com voracidade pelos bancos. Compram a quase totalidade, passando a ter influência fundamental na administração da Dívida e representando brutal transferência de recursos públicos para entidades privadas.
BANQUEIROS
– Em 2014, o Itaú teve lucro de R$ 20 bilhões e o Bradesco de R$ 15 bilhões. No orçamento de 2014, de R$ 2,48 trilhões, 42% foi rubricado para pagamento de juros e amortizações, no total de R$1.003 trilhão.
– Lula anunciou que havia pago toda a Dívida Externa, uma fraude e mentira colossal, já que parte da dívida era junto ao FMI, com juros de 4% ao ano, e o governo emitiu títulos da dívida Interna pagando juros de 19% ao ano para resgatar as parcelas devedoras junto ao FMI, ficando devedor dos bancos internacionais que “financiam a rolagem” da Dívida .
– Em agosto de 2014, o Banco Central registrava a Dívida Externa em 333 bilhões de dólares e as reservas em 379 bilhões de dólares, sustentada na quase totalidade pela emissão de títulos junto ao Tesouro.
Quem vai ajustar esse desajuste, hein bravo e brilhante doutor Levy?

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