sábado, 4 de abril de 2015

PEEMEDEBISMO, UM CASO DE SUCESSO


João Gualberto Jr.O Tempo
Se você acha que o melhor para o Brasil, no momento, é que Dilma saia da Presidência, posto que pensa que é dela a culpa por nosso estado de mazelas, pelo aumento de desemprego, pela falta d’água, pelo assalto de que foi vítima na rua e pela doença do seu cachorro, perceba que a petista não é quem manda. Quem manda é o PMDB.
Desde quando é o “maior partido do Brasil” quem dá as cartas no Planalto? Difícil precisar, talvez desde 1808. Piadas de lado, o peemedebismo transcende o próprio PMDB: ele é uma arte peculiar de relacionamento e imersão no poder, virtude que merece verbete de dicionário.
Um nobre tucano asseverou no passado que “não se governa sem o PMDB”. Como a sigla indica, o Movimento Democrático Brasileiro nasceu como oposição ao regime militar. Entretanto, outro PMDB – não de nome, mas de fato – estava ao lado dos generais, assim como se aliciara, antes, com JK, Getúlio, os marechais da República Velha, os Pedros imperiais e, por que não, dom João VI.
GOVERNO SEM ROSTO
O PMDB é o governo sem rosto, é a “legião” de muitos, é a eminência parda palaciana, é o “ghost ruler”. Esse tipo de força adesista quantitativa e institucionalmente autointeressada existe como satélite onde há poder. Portanto, o PMDB é um fenômeno universal da política.
Curioso pensar que, no Brasil, só Sarney tenham chegado lá envergando as cores do movimento. A partir do governo Itamar – cujo líder no Congresso foi o peemedebista Pedro Simon –, a legião se dedica e se notabiliza no papel de coadjuvante imprescindível. Ele é a face obscura do nosso presidencialismo de coalizão com sabor de jabuticaba.
A sigla, nominalmente e não apenas como estilo, está instalada no poder central desde o primeiro dia de redemocratização. Além de Itamar, esteve de mãos dadas com FHC, Lula e, agora, está com Dilma. Não esteve com Collor, e deu no que deu. Atire a primeira pedra quem duvidar que essa galerinha não estaria com Aécio se tivesse sido o mineiro o eleito. Realmente, parece inconcebível pensar a governabilidade sem o partido e, inversamente, este sem sua nutrição permanente.
FASE ESPECIAL
Esse empreendimento maciço governista e exitoso que é o PMDB vive realmente uma fase especial. Atingiu tal monta de patrimônio que as decisões são tomadas ou adiadas para que se não o desagrade. Em política, ser depositário de temor é esbanjar prestígio. Dos subsolos do Congresso e da Esplanada, os rostos de seus líderes se avultam. A força é tamanha que se permite ir além da coxia e ousar sob os holofotes.
As atuações de figuras como Renan, Cunha e Temer reacendem nos correligionários o desejo de candidatura própria em 2018. Será? Esse fincar de pés faz parte do jogo deles, que, ao sentirem o primeiro cheiro da mudança, com a fragrância do vencedor, debandam do palanque de espuma em nome da melhor negociata por mais capital. É a maneira de atuação mais confortável para se prosperar no mercado da política nacional, ou melhor, da política apenas.

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