Quatorze dos dezoito deputados federais
do Maranhão (veja a lista abaixo) votaram pela inclusão na Constituição
da permissão de doações eleitorais de empresas, um dia depois que a
própria Câmara rejeitou o financiamento privado de campanha.
Os deputados Sarney Filho (PV), Cleber
Verde (PRB), Victor Mendes (PV) e Aluísio Mendes (PSDC) mudaram seus
votos da noite pro dia e votaram a favor da nova proposta, que havia
sido rejeitada na terça com o apoio do quarteto.
A mudança dos seus votos não é resultado
de uma maior reflexão sobre o tema, já que ele é discutido desde de 2012
quando a OAB entrou com uma ação no STF contra a constitucionalidade do
financiamento privado de campanha.
É fruto de algum acordo com o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha, que manobrou a sessão desta quarta e colocou
novamente a PEC em votação, sob o argumento -para burlar o regimento
interno da Casa – de tratar-se de um novo texto.
Se na terça votaram de acordo com suas
consciências – caso haja – e com o desejo dos movimentos organizados da
sociedade, que entendem que o financiamento privado além de estabelecer
desigualdades econômicas durante a campanha, é a fonte de toda a
corrupção na política brasileira, na quarta mudaram de idéia sem que
isso lhes impeça de colocar a cabeça no travesseiro.
O financiamento privado de campanhas
permite que as grandes empresas ditem a agenda e as prioridades da
maioria dos governantes e Parlamentares, sacrificando os interesses
públicos, com consequências nefastas para a maioria da população e para o
País, segundo o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
Não por coincidência os maiores
financiadores das campanhas políticas no Brasil são as empreiteiras
envolvidas na operação Lava-Jato, que investiga o desvio milionário dos
recursos da Petrobras.
É o financiamento privado feito com dinheiro público!
Segundo levantamento da ONG Transparência
Brasil, as empreiteiras sob suspeitas de afanar a Petrobras doaram R$
818,8 milhões nas últimas eleições, isso sem contar as prestações de
contas dos candidatos que disputaram o segundo turno, o que deve
alcançar a singela quantia de R$ 1 bilhão.
A manobra do presidente Eduardo Cunha tem
objetivo de barrar a tendência de o STF proibir o financiamento
privado. Em abril de 2014 durante o julgamento da ção da OAB, seis dos
onze ministros já haviam votado contra a possibilidade de pessoas
jurídicas injetarem dinheiro nas disputas eleitorais.
Desde então, o ministro Gilmar Mendes pediu vista no processo e até hoje não concluiu o seu voto.
A proposta de emenda constitucional
aprovada na noite desta quarta terá que ser votada ainda em segundo
turno na Câmara e, após isso, segue para o Senado, onde precisa ter o
apoio de pelo menos 60% dos senadores para entrar em vigor.
Os únicos deputados maranhenses que
votaram contra nas duas votações foram Rubens Júnior (PC do B), Weverton
Rocha (PDT), Eliziane Gama (PPS) e Zé Carlos da Caixa (PT).
André Fufuca (PEN), Júnior Marreca (PEN),
Alberto Filho (PMDB), Hildon Rocha (PMDB), João Marcelo (PMDB), Waldir
Maranhão (PP), Juscelino Filho (PRP), José Reinaldo Tavares (PSB), João
Castelo (PSDB) e Pedro Fernandes (PTB), votaram a favor do financiamento
privado nas duas votações.
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