28/05/2015: Dilma com Sarney e Temer durante lançamento do Registro Civil
O ex-presidente José Sarney disse, no ano passado, que não concorreria à reeleição ao cargo de senador pelo Amapá para, segundo ele, ter tempo de cuidar de assuntos da vida pessoal. O oligarca justificou que a idade avançada, a família e a paixão pela literatura foram determinantes para que deixasse a vida política.
O que o ex-senador Sarney diz não tem crédito. O que o pai da ex-governadora Roseana Sarney fala não se anota.
Sem mandato e sem conseguir ficar longe das benesses do poder, Sarney, ao contrário do que prometeu, continua a participar de cerimônias ao lado de ministros e da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). Desde que deixou o cargo de senador, Sarney já participou de várias cerimônias no Palácio do Planalto, todas com a presença da presidente, e acumula cargo na hierarquia do PMDB.
Nota-se que o apego ao poder ainda é presente na vida de José Sarney. O fato de não ter disputado mandato de senador, a contragosto, ocorreu devido ao seu elevado desgaste político. Em todas as pesquisas, amargava as últimas colocações. Para não encerrar sua carreira com uma derrota humilhante, Sarney inventou o pretexto de que iria se dedicar à literatura, uma de suas grandes paixões.
José Sarney deixou o Senado em fevereiro deste ano após quase 60 anos cumprindo mandatos políticos, aos 85 anos de idade. Ele continua morando em Brasília, onde mantém escritório. Recentemente, passou por situação vexaminosa para a estirpe dos ex-presidentes da República. De posse de uma lista de nomes, telefonava para ministros da Esplanada e para o Palácio do Planalto, solicitando audiências e – nas que conseguia – pedia cargos para afilhados, na condição de cacique do PMDB. São aliados desempregados no Amapá e Maranhão, Estados que já foram seus redutos eleitorais. De pequenas vagas, com salários de menos de R$ 1 mil, a uma superintendência de um banco estatal no Nordeste, o veterano distribuiu a lista sem titubear, mas constrangendo os petistas.
Fora a função de pedinte e intercessor por suas “viúvas”, Sarney também acumula cargos importantes na estrutura do PMDB, é membro da Executiva Nacional (órgão máximo da sigla) e é delegado do diretório estadual do PMDB no Amapá. Além disso, passa o resto do tempo em articulações de conspiração contra adversários, a exemplo do governador do Maranhão Flávio Dino e, no que menos tem talento para fazer, escreve artigos no seu jornal para agourar o estado. Esse é o Sarney de hoje.