A semana que passou foi das mais violentas, esse ano, no estado do Pará. Em sete dias, entre a madrugada de sábado (19) e a noite de sexta-feira (25), nossas equipes de reportagem registraram 81 assassinatos, o que supera a média de 11,5 homicídios a cada 24 horas. Pesquisas, nos últimos anos, indicam que mais de 75% dos brasileiros temem ser vítimas de um homicídio e os governos, tanto federal como estadual, parecem não ter um antídoto para frear essa “epidemia” que enluta milhares de famílias.
É urgente a necessidade de estratégias voltadas para o combate da violência, por meio das autoridades em segurança pública. Paralelo aos policiamentos ostensivo e preventivo, também deve ser prioridade o atendimento e proteção de jovens, que se constituem, em muitos casos, em vítimas fatais de tanto descaso.
Não se deve, ainda, esquecer as ações preventivas, que devem trabalhar para controlar e coibir o uso excessivo de álcool, além de programas para tratar e reabilitar principalmente os jovens envolvidos com drogas, em vez de apreendê-los, como no atual modelo de segurança pública. Podemos afirmar que o Pará é um paciente que sofre de uma doença crônica e que seus governantes são médicos sem experiência para tratar do assunto que a cada dia leva uma média de 11 pessoas para a sepultura vítimas de homicídios.
DIMENSÕES CONTINENTAIS
O governo do Pará, responsável por um estado de dimensões continentais, não aplicou, ou sequer apresentou, até agora, uma política de segurança pública que tente diminuir o número de homicídios e latrocínios, ultimamente, muito registrados tanto na Região Metropolitana de Belém quanto em municípios mais pacatos.
Dos 78 homicídios registrados em sete dias, nove deles foram cometidos com facas e facões. Os outros 69 foram produzidos por armas de fogo, muitas delas deveriam ser restritas apenas às forças de segurança pública. Até agora, apenas dois assassinos foram presos e estão pagando pelos crimes cometidos.
A escalada da violência tem um perfil característicos na maioria dos homicídios. As vítimas são jovens na faixa dos 16 aos 22 anos e as motivações para os assassinatos têm a ver com o tráfico de drogas, desavenças, o crime passional e, por último, o latrocínio, que é o roubo seguido de morte.
A “cara do crime” nas últimas décadas mudou com relação para as décadas de 70,80 e 90. No passado, os crimes de latrocínios eram superiores aos de homicídios. “Há alguns anos, se matava para roubar e a droga não tinha o poder que tem nos dias de hoje, onde se morre por não pagar dívida de entorpecente, em 90% dos casos”, revela um veterano policial, hoje aposentado após 35 anos de combate ao crime. Ele pediu para não se identificar.
(J.R Avelar/Diário do Pará)
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