quarta-feira, 30 de setembro de 2015

SEM TANQUES NEM REBELIÕES ARMADAS

Carlos Chagas
O relator no Tribunal de Contas da União das contas de 2014 do governo Dilma Rousseff promete entregar seu parecer pela rejeição até sexta-feira. Pode ser que os demais ministros daquela corte decidam apressar a decisão, já que a maioria deles também se inclina pela censura ao palácio do Planalto em função de evidentes irregularidades na manipulação dos gastos do governo no ano passado. Tudo configurando falsificações de dados e documentos
O TCU é um tribunal consultivo, auxiliar da Câmara Federal, sem poderes para condenar ou absolver ninguém, mas dispõe de meios para formular críticas. Estas precisarão obrigatoriamente ser enviadas aos deputados, aos quais cabe arquivar ou abrir processo contra a presidente da República.
Nesse caso, a maioria parlamentar poderá iniciar uma operação de impeachment contra Madame, que se prosseguir e for aprovada determinará o afastamento dela por 90 dias. Caberá ao Senado Federal o julgamento, dirigido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal.
Durante essas duas fases distintas, o vice-presidente da República substituirá o titular afastado, para sucedê-lo depois da condenação, tendo ou não renunciado nesse interregno. Assim aconteceu com o então presidente Fernando Collor.
HIPÓTESE
Não parece fora de propósito o desenrolar desses vários capítulos iniciados pela votação dos ministros do Tribunal de Contas da União, seguidos da decisão dos deputados, por maioria absoluta, e depois dos senadores, pelo mesmo quorum. Claro que o governo mostra-se atento para impedir ou protelar o processo de impedimento de Dilma, mas possível a hipótese está posta.
Tudo dentro da Constituição e da lei, ou seja, sem caracterizar o alegado golpe que o PT e penduricalhos supõem estar em marcha. Sem tanques nem rebeliões armadas.
O POTRO QUE ESCOICEOU A MÃE
Impossível se torna ingressar no mais elementar curso de filosofia desconhecendo Sócrates, Platão e Aristóteles, tendo sido um professor do outro. A singular relação entre eles mostra sentimentos variados de admiração e até de inveja. Devemos a Platão o conhecimento total das lições de Sócrates, que jamais escreveu um livro. Aristóteles cursou a Academia de Platão, mas quando dele começou a divergir, recebeu do mestre imagem tão cruel quanto verdadeira: “um potro que escoiceia a mãe depois de beber-lhe todo o leite”.
O episódio se conta a propósito do que acontece no PSDB. Fernando Henrique está para José Serra e este para Aécio Neves mais ou menos como Sócrates para Platão e este para Aristóteles. Formam uma unidade nem sempre uniforme, pois desconexa em três gerações.


 

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