Carlos Newton
Até agora, o silêncio da grande mídia tem funcionado, porque uma grande parcela da opinião pública ainda levanta dúvidas a respeito da impressionante reportagem da IstoÉ. Assinada por Sérgio Pardellas e Débora Bergamasco, dois jornalistas de alto conceito e respeitabilidade, a matéria revela que a presidente Dilma Rousseff enfrenta graves problemas mentais e não tem condições de seguir à frente do governo. A denúncia teve imediata repercussão na internet, mas os sites dos grandes jornais, das emissoras de televisão e das outras revistas semanais não deram a menor importância ao assunto, preferindo apenas divulgar que o Planalto pretende processar a IstoÉ e os dois jornalistas.
A nota oficial do Planalto fala em “ofensa” à presidente Dilma, ameaçando exigir indenização por danos morais, mas em nenhum momento desmente a informação de que a chefe do governo está sendo tratada por psiquiatras que a medicaram com um coquetel de Rivotril e Olanzapina (Zyprexa), substância indicada exclusivamente para portadores de esquizofrenia e outros graves distúrbios psiquiátricos.
O SILÊNCIO DA MÍDIA
O silêncio da grande mídia é até compreensível, porque se trata de assunto extremamente delicado, especialmente na crise que o país atravessa. Mas omissão também é crime, não existem argumentos que possam se contrapor a fatos concretos.
Se a presidente da República está mesmo sendo medicada com Rivotril e Olanzapina, a questão passa a ser muito séria, indicando que Dilma Rousseff não tem mais condições de permanecer na chefia do governo, porque é absolutamente necessário que se submeta a tratamento adequado, que a livre do estresse e das pressões que tem sofrido, para que então possa ter alguma chance de recuperação.
LEMBRANDO DELFIM MOREIRA
Não é a primeira que o Brasil enfrenta o problema de ter um presidente com distúrbios mentais. O caso mais grave ocorreu com Delfim Moreira. Eleito vice-presidente, teve de assumir o lugar de Rodrigues Alves, que foi como Tancredo Neves e nem chegou a tomar posse para seu segundo mandato, porque morreu antes, na epidemia de gripe espanhola que devastou o planeta durante a I Guerra Mundial.
Ao contrário de Dilma, que está há mais de cinco anos no poder, Delfim Moreira assumiu em 15 de novembro de 1918, mas não praticamente governou, porque teve de imediatamente convocar nova eleição. Na época, a Constituição determinava que o vice só assumiria definitivamente se o presidente morresse depois de decorridos dois anos de sua posse, ou seja, a metade do mandato.
Acontece que Delfim Moreira estava com graves problemas mentais, que o deixavam totalmente desconcentrado e desligado de suas tarefas. Na prática, quem tomava as decisões era o ministro da Viação, Afrânio de Mello Franco, pai de Afonso Arinos, que décadas depois viria a ser deputado e senador, também com grande destaque na política.
O curto mandato do presidente Delfim Moreira, que se encerrou a 28 de julho de 1919, foi um período turbulento, assinalado por grande número de greves. Quem resolvia tudo era Mello Franco, que passou a ser apelidado de “primeiro-ministro” no breve período chamado por historiadores de “Regência Republicana”. Em obediência à Constituição, foi convocada uma nova eleição para presidente, vencida por Epitácio Pessoa.
LEMBRANDO JÂNIO E COLLOR
Depois disso, aparentemente não houve mais problemas mentais na Presidência da República, até a gestão de Jânio Quadros, que assumiu em 31 de janeiro de 1961. O surpreendente político paulista, empunhando uma prosaica vassoura, subiu de vereador a presidente em velocidade meteórica, mas realmente era meio desarrumado das ideias.
Ao contrário de Dilma, sabia se comunicar e falava um português exemplar. Em compensação, tomava uísque em doses industriais, governava através de bilhetinhos aos ministros. Dois meses depois de assumir, inventou uma nova moda, o “slack” (calça e jaleco do mesmo padrão, como um uniforme). Para abolir o terno e a gravata, baixou um decreto obrigando os funcionários públicos a se vestirem como ele. Não satisfeito, depois mandou proibir o maiô biquíni, a lança-perfume e a briga de galos. Não ficou nem seis meses no poder.
Segundo meu grande amigo Murilo Melo Filho, jornalista da “Manchete” que conheceu Jânio Quadros muito de perto, nosso presidente adorava Fidel Castro, tinha até condecorado Che Guevara, e se deu mal quando tentou imitar o líder da revolução cubana, que renunciou e foi carregado de volta ao poder, nos braços do povo de Havana. Sonhar não é proibido, mas pode virar pesadelo, e Jânio se deu mal com a renúncia.
Fernando Collor de Mello era um Jânio sem vassoura, fantasiado de caçador de marajás, tinha tudo para dar certo, mas também era destrambelhado das ideias, adorava inventar frases para exibir em camisetas, mas infelizmente não via um palmo à frente do nariz, se é que vocês me entendem, como dizia o jornalista Maneco Muller, outro grande amigo que faz falta. O presidente da República era tão moderno que tinha um arrecadador oficial de propinas chamado PC Farias, assassinado de uma forma muito estranha, e Collor também não deu certo.
A MULHER SAPIENS
Agora temos a Presidência comandada por uma mulher sapiens, que vê um cachorro atrás de cada criança, louva a mandioca como uma criação nacional, acha que o aeroporto é uma forma de transporte, diz que a Olimpíada vai deixar um legado antes, durante e depois, afirma que o governo não precisa ter uma meta, mas quando atingi-la, vai querer dobrá-la, sugere às Nações Unidas que a entidade encontre uma maneira de estocar o vento – é um nunca-acabar de sandices, mas ninguém desconfia que alguma coisa esteja errada.
Ninguém se surpreende, mesmo que a governante esteja tendo frequentes surtos dentro do Palácio do Planalto, e nas viagens costume insultar os pilotos do Airbus presidencial, ordenando que evitem as turbulências, vejam a que ponto chegamos. E tudo continua normal, apesar de a presidente estar sob rigoroso tratamento, tomando remédio para esquizofrenia e graves distúrbios psiquiátricos, ninguém toma uma atitude.
A conclusão é uma só – não somente tem algo errado na Presidência da República, como também acontecem coisas estranhas na imprensa brasileira, a não ser que os jornalistas também estejam esperando cumprir a meta de esconder a verdade, para depois se preocupar em dobrar a meta, se é que vocês me entendem, num país em que ninguém consegue se entender.
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