Carlos Newton
Ninguém sabe ao certo, mas já ficou evidente que as chances da presidente Dilma Rousseff estão em viés de baixa, como se diz na moderna estatística, que leva em consideração os “algoritmos” – denominação da sequência de índices bem definidos e sem ambiguidades, capazes de revelar uma tendência clara. No Congresso e no Planalto, os cálculos são feitos e refeitos várias vezes ao dia. Um dos mais importantes acompanhamentos está a cargo da coordenação do Comitê Pró-Impeachment, que tem caráter suprapartidário e anunciou já ter mapeado 346 votos a favor da abertura do processo de impedimento, na Câmara dos Deputados.
O cálculo do Comitê é ligeiramente maior do que o mínimo de 342 votos que a oposição precisa para que o processo seja encaminhado ao Senado, o que significará afastamento imediato da presidente Dilma até o julgamento final pelos senadores, em sessão sob a presidência do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo.
LISTA É SIGILOSA
Para chegar a esse total, o Comitê usou informações colhidas por líderes e parlamentares da oposição, que mapearam os votos em todos os Estados. Mas a lista é mantida sob sigilo, para evitar que governo pressione os deputados a mudar de voto.
Os números do Comitê Pró-Impeachment batem com outras informações divulgadas pelo Estadão a respeito do levantamento paralelo que vem sendo feito no Planalto, indicando que Dilma teria hoje entre 130 e 150 votos contra o impeachment, número muito inferior aos 172 necessários para barrar a abertura do processo, caso o presidente Eduardo Cunha mantenha sua disposição de também votar, contrariando a tradição da Câmara.
Segundo o Estadão, o governo avalia que poderá conquistar até 190 votos, após distribuir cargos aos partidos que oficialmente ainda compõem a base aliada e têm deputados “indecisos”, como PP, PR e PSD. Mas trata-se apenas de uma suposição, ainda sem qualquer base concreta. Seriam sonhos de uma note de outono, envoltos em pesadelos.
DEFESA DE DILMA
Nesta segunda-feira, às 16h30m, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, estará na Câmara para entregar a defesa de Dilma Rousseff. Logo em seguida, às 17 horas, o ministro vai depor perante a Comissão do Impeachment, para fazer esclarecimentos adicionais. A expectativa é grande, porque na quinta-feira passada outros dois defensores da presidente (ministro Nelson Barbosa e advogado Ricardo Lodi Ribeiro) não se saíram bem, muito pelo contrário.
O mais importante é que, na terça-feira, já encerrado o prazo de dez sessões plenárias para que Dilma apresentasse a defesa, tem início o período de cinco sessões para que o relator, Jovair Arantes (PTB-GO), apresente o parecer a ser votado pela Comissão.
O relatório terá de ser publicado no Diário da Câmara e só pode ir à votação dois dias depois. Na sequência, a decisão da Comissão do Impeachment será submetida ao plenário da Câmara, e serão necessários 342 votos favoráveis para que pedido de impeachment siga para o Senado.
Se Dilma perder na Câmara, é melhor fazer como Fernando Collor e renunciar. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDb-AL), já avisou que os senadores pretendem apoiar a decisão da Câmara, seja ela qual for. Jogo encerrado, como se diz nos cassinos.
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