Renan XavierO Globo
Dois meses e meio após o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, a participação de partidos políticos em atos pró-impeachment – que devem anteceder o julgamento – tende a ser mais tímida, embora as pautas sejam semelhantes às anteriores. Nos últimos atos que precederam o afastamento da presidente, os partidos da antiga oposição fizeram forte mobilização para a participação de seus simpatizantes. Em uma reunião às vésperas dos protestos do dia 13 de março, representantes de partidos aliados do interino Michel Temer convocaram oficialmente seus partidários. Desta vez, porém, adotam um discurso mais neutro sobre os protestos.
O presidente nacional do DEM, o senador José Agripino Maia (RN), afirmou que a legenda ainda irá avaliar a participação nos atos. Maia, que participou ativamente de protestos anteriores, disse que é preciso entender as motivações que levarão os manifestantes às ruas no próximo domingo.
– Vamos ver as razões das manifestações e avaliar se fará necessária a nossa participação – declarou.
INDEFINIÇÃO -Nos bastidores, parlamentares do PSDB dizem haver uma indefinição sobre a participação ativa do partido nos protestos. Alguns tucanos dizem que por estarem em posições estratégicas no governo Temer, figuras da legenda tendem a evitar sair às ruas. Em nota, o partido reafirmou o apoio às manifestações, mas não informou como está orientando os parlamentares sobre suas participações nos atos.
“No caso do afastamento da presidente da República, o partido reitera seu apoio a atos que demonstrem o absoluto respeito à Constituição. As investigações de denúncias também sempre contaram e continuam contando com o firme apoio do partido”, informou.
Outra legenda aliada de Temer, o PPS foi o único a convocar partidários para ir às ruas. Em vídeo divulgado nesta quarta, o presidente do partido, o deputado Roberto Freire (SP)]disse que as manifestações ainda serão importantes para a definição sobre o impeachment de Dilma.
– A democracia está sendo respeitada, e mais do que isso, está viabilizando esse novo rumo que o Brasil toma com o governo de transição. É necessário continuarmos mobilizados. Vamos à ruas! – disse Freire no vídeo.
ALÉM DE DILMA – Um dos organizadores do protesto do próximo domingo, o movimento Vem pra Rua informou que as demandas do grupo vão além do afastamento definitivo de Dilma. Os manifestantes defenderão também a permanência da Operação Lava-Jato, a aprovação das medidas de combate à corrupção pelo Congresso e o fim do foro privilegiado para políticos e agentes públicos.
Considerado como um dos principais movimentos de mobilização a favor do impeachment de Dilma, o Movimento Brasil Livre (MBL) informou que não irá convocar participantes para os protestos. De acordo com um dos líderes do grupo, Rubens Nunes, a eficácia de manifestações só irá acontecer próximo ao julgamento final de Dilma no Senado. Pelo andamento do processo, a decisão final ficará para o final de agosto.
– Teríamos uma eficácia reduzida. Em muitos casos, principalmente em estratégia e logística – afirmou Nunes.
BEM-VINDOS – Questionado sobre a participação de políticos e pré-candidatos nos protestos, Nunes disse que os manifestantes saberão distinguir quem está por seriedade ou por oportunidade eleitoreira.
– Eles serão bem vindos, mas devem saber que uma coisa é o pleito municipal e outra é o impeachment de Dilma. É leviano dizer que os políticos não tiveram participação no impeachment. Muitos deles ajudaram. E muito – declarou.
A previsão é que o Rio só deva receber no domingo protestos favoráveis ao afastamento definitivo de Dilma. Grupos que defendem a permanência da presidente querem se reunir apenas no dia 5, durante a abertura das Olimpíadas. A expectativa dos organizadores, inclusive, é que as mobilizações de domingo sejam um aquecimento para possíveis manifestações que ocorrerão durante o evento.
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