William Alexsandro Fiuza Conceição, 18 anos, foi morto em operação da polícia, no final da tarde de sábado (29), em Santa Cruz/Bahia
O corpo de William Alexsandro Fiuza Conceição, 18 anos, morto a tiros na porta de casa, em Santa Cruz, foi enterrado na manhã desta segunda-feira (31) no Cemitério Municipal de Brotas, sob gritos, apelos emocionados e um culto fúnebre celebrado por pastores da Igreja Batista de Santa Cruz, que o jovem frequentava, segundo a família.
Os ônibus continuam sem circular no final de linha do bairro na manhã desta segunda-feira (31). A mudança aconteceu após moradores tocarem fogo em objetos e ameaçarem incendiar um coletivo em um protesto por causa de uma operação da polícia ocorrida sábado (29), que deixou William morto e um adolescente baleado.
Em anonimato, um tio de William disse ao CORREIO que uma guarnição da Rondesp chegou com policiais armados e encapuzados na Rua do Posto, onde o jovem nasceu e foi criado pela mãe, o padrasto e os avós. Filho de pais separados, ele era o mais velho de três irmãos e reconhecia no padrasto uma figura paterna.
(Foto: Betto Jr/CORREIO)
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Ainda segundo familiares, há poucos meses o jovem resolveu abrir um lava jato no térreo de casa para ter o próprio dinheiro. "Ele era um menino bom. A polícia chegou atirando e foi pra matar. Mataram e saíram arrastando como se fosse um lixo", relatou o tio materno da vítima, que disse ainda que o jovem foi criado em ambiente familiar e cristão, com todos os costumes de uma pessoa da idade dele.
Visivelmente abalada, a mãe de William se debruçou sobre o corpo e beijou a testa do filho durante os trinta minutos em que o corpo foi velado. Passando mal, ela precisou se afastar e não chegou a acompanhar o enterro. Os pais da vítima, que são pastores da Igreja Batista, foram ameaçados pela polícia durante a operação no bairro, segundo familiares.
"Não é essa polícia corrupta que queremos, não, eles não podem continuar nos matando", disse uma vizinha da família que preferiu não se identificar. A filha dela, de 17 anos, escapou do mesmo ataque. "Minha filha viu, correu pra viver, chegou em casa chorando muito, em estado de choque", lembrou. Em anonimato, outro vizinho completou. "A população ainda foi pra cima, pra ver quem era, eles arrastaram e deram tiros pra cima, disseram que iam dar socorro mas ele já estava morto", afirmou.
Para o tio, William não vai ser o último jovem a morrer precocemente em circunstâncias violentas. "Tão novo, não tinha experiência com nada, era tudo uma novidade. Ele estava começando a vida agora, meu Deus", finalizou. Dezenas de pastores estiveram presentes no enterro, um deles disse ao CORREIO, sem se identificar, que mora há 38 anos em Santa Cruz e que William frequentava a igreja com os pais. "A população precisa se informar e não permitir que a polícia entre nas comunidades mais pobres matando inocentes".
Na ocasião, um amigo do jovem também ficou ferido e foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde permanece internado. Não há informações sobre seu estado de saúde. ( Correio da Bahia )
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