Editorial do Estadão – O Partido dos Trabalhadores (PT), que, mais do que nunca, não passa de um apêndice de Luiz Inácio Lula da Silva, deflagrará uma “guerra” caso seu timoneiro seja condenado pela Justiça em algum dos diversos processos nos quais é réu. Foi o que anunciou seu porta-voz mais fiel, o ex-ministro Gilberto Carvalho, em entrevista ao jornal Valor.
Carvalho não se preocupou, em nenhum momento, em contestar as acusações que pesam contra o Padrinho, pois obviamente não é disso que se trata – e se nem os ativos advogados de Lula da Silva conseguem alinhavar argumentos em sua defesa, por que Carvalhinho o faria? Para Carvalho, como para os petistas em geral, o único crime pelo qual Lula será condenado é o de ter ajudado os pobres. Por essa razão, ele entende que haverá uma mobilização tão grande em defesa de Lula que “eles pensarão duas vezes antes de fazer bobagem”, isto é: os tribunais não terão coragem de confirmar sua eventual condenação. Não há outra maneira de entender as inspiradas palavras de Carvalho – leia-se Lula. Ele aposta que a mística em torno do grande líder será capaz de levar a militância às ruas para intimidar os magistrados.
O PT sabe que, se os processos contra Lula forem tratados somente no âmbito jurídico, a derrota do petista é certa, e não porque a Lava Jato “persegue” Lula, mas sim porque, ao que tudo indica, sobram provas contra ele. Não é à toa que a equipe de advogados destacados para defender Lula, em vez de dedicar-se a refutar as acusações, foi até a ONU para denunciar a suposta perseguição política que estaria sendo empreendida pelo juiz Sérgio Moro contra seu cliente. Além disso, usa as audiências com Moro para irritar o magistrado, tentando fazê-lo sair do sério, o que daria argumentos para sustentar a tese de que ele age contra Lula por motivações pessoais.
Para essa gente, a democracia e suas instituições – especialmente a Justiça e a imprensa livre – são inimigas, pois trabalham com fatos, e os fatos a respeito do PT e de Lula são incontestáveis: o partido e seu demiurgo não apenas são os responsáveis pela pior crise econômica da história brasileira, mas também são as estrelas do maior escândalo de corrupção que já se viu no País. Logo, os petistas empenham-se em criar os chamados “fatos alternativos” – nome que se dá a mentiras e distorções criadas para embaralhar a realidade.
Assim, Gilberto Carvalho agride a realidade sem nenhum pudor. Primeiro, quer fazer crer que o PT foi na verdade vítima de grande injustiça por parte da “elite”, que “enxergava no PT a raiz e o máximo da corrupção e agora está vendo quem de fato assaltou o País”. Ao dizer que não foi o PT que “de fato” assaltou o País, Gilberto Carvalho aposta suas fichas na tese de que os brasileiros são todos idiotas. Comporta-se como se o PT não fosse o responsável pelo estado da arte que atingiu a corrupção no Brasil.
Segundo Gilberto Carvalho, a economia afundou depois que a presidente Dilma Rousseff “começou a mexer no andar de cima”, isto é, quando “fez a redução de juros, não privatizou as elétricas e começou a ir para cima da taxa de lucro das concessões”. Foi então que “o capital começou a perder e acabou a brincadeira”. Isso “acendeu esse ódio” e “radicalizou-se tanto que acabaram destruindo a economia do País”. Ou seja, Carvalho realmente pretende convencer os cidadãos, notadamente os desempregados, de que a responsabilidade pela crise não é dela, e sim de seus inimigos. Segundo Carvalho, o governo de Michel Temer está “destruindo a rede social de proteção que fizemos” e, por isso, “pode começar a ter sublevação social”.
É aí que entraria Lula, o Pacificador. O problema é que os “fatos alternativos” dos petistas podem não ser suficientes para esconder a dura realidade de que, além de Lula – que pode não concorrer em razão de seus enroscos com a Justiça –, o PT não tem outro candidato. “Depois do Lula, quem?”, perguntou Gilberto Carvalho. Ao admitir que, sem Lula, o PT pode apoiar Ciro Gomes ou Roberto Requião à Presidência, o ex-ministro deu a exata dimensão do desespero petista.
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