Carlos Chagas
O Curupira tem os pés para trás, ou seja, não se sabe se anda para a frente ou de marcha-a-ré. Desse jeito, o presidente Michel Temer: apostava em Dilma Rousseff, passou a inimigo do PT, prometeu o liberalismo e agora é candidato a não completar o mandato por conta do Tribunal Superior Eleitoral. Se ele for considerado incurso em crime de perturbar a eleição de 2014, perderá a presidência da República, como a antecessora já perdeu. Nesse caso, abre-se o leque: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cumpre o resto do mandato, ou a Justiça determina que Aécio Neves, segundo colocado nas eleições passadas, assuma o poder. Duas soluções capazes de dissolver o que resta das instituições e deixar o país em frangalhos.
Sendo assim, melhor que o Curupira continue a transitar pela floresta, ou seja, que Michel Temer permaneça no palácio do Planalto, mas com rumo certo.
NAU SEM RUMO – A pergunta é para quê está no governo. Deixar a caravela ao léu, sem rumo nem porto de arribação, ou condenada ao naufrágio inevitável em meio à tempestade, é o que desenha à frente.
Abre-se diante do atual presidente uma única saída: reunir os líderes de todos os partidos e anunciar que devem unir-se em torno de um programa de salvação nacional ou ele renunciará.
Assim fez Itamar Franco, depois da débâcle de Fernando Collor. O então vice-presidente não deixou alternativa. Naqueles idos, prevaleceu o bom senso e todos concordaram num ministério de união, do qual apenas o PT saltou de banda.
A situação se repete, até como farsa.
Governar com a obrigatória distribuição de favores, benesses e falcatruas aos partidos e demais forças inerentes à nação será o portal do caos. Apelar para a unidade em meio à desagregação, a saída.
Para começar, o Curupira precisaria dissolver tudo o que erigiu até hoje. Não apenas um novo ministério, mas a reformulação das diretrizes retrógradas impostas pelas elites conservadoras em ação. Nada de reformas favoráveis aos mesmos de sempre, muito menos o retrocesso aos tempos do neoliberalismo.
Em suma, Itamar Franco deixou exemplo singular e necessário. E o Curupira, terá coragem para imitá-lo?
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