sábado, 1 de abril de 2017

Rio, capitania hereditária do PMDB


RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 01-11-2010: O governador do estado do Rio de Janeiro, Sergio Cabral Filho e visto ao lado do prefeito da cidade, Eduardo Paes, do deputado Jorge Picciani, do secretario de transportes Julio Lopes, durante inauguracao da nova estacao de metro da linha 1, Cidade Nova, no bairro da Cidade Nova, centro do Rio, em 01 de novembro 2010. (Foto: Rafael Andrade/Folhapress, COTIDIANO) ***ESPECIAL***
PMDB do Rio é  uma  formação de quadrilha
Bernardo Mello FrancoFolha
A Polícia Federal deu mais um golpe na quadrilha que saqueou o Rio de Janeiro. O ex-governador Sérgio Cabral já estava preso desde novembro, acusado de comandar um gigantesco esquema de corrupção. Agora chegou a vez do Tribunal de Contas do Estado, que nada fez para impedir a pilhagem. Em vez de proteger os cofres públicos, a corte ajudou a esvaziá-los. Cinco dos sete conselheiros foram levados para o xadrez, sob suspeita de cobrar propina de empreiteiras. Um sexto só está solto porque delatou os colegas. Com o plenário vazio, a sessão de quinta (30) foi suspensa. Aparentemente, ninguém teve a ideia de transferi-la para a cadeia.
A PF também amanheceu na porta do presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, o poderoso chefão do PMDB do Rio. Ele mora ao lado de Eduardo Cunha num condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Não é a única semelhança entre os dois.
VAI DE PORSCHE – Picciani fez sua primeira campanha a bordo de um Corcel velho. Hoje passeia de Porsche e divide com os herdeiros um patrimônio declarado de quase R$ 30 milhões. O deputado atribui a fortuna a negócios como pecuarista, que lhe renderam o apelido de rei do gado. Enquanto os bois engordavam, ele se eternizou no comando do Legislativo estadual.
Nas últimas três décadas, o peemedebista se aliou a todos os governos do Rio. Com Cabral, ganhou peso nacional e foi alçado a conselheiro de Dilma. Depois mudou de lado e apoiou o impeachment. Ao assumir a Presidência, Temer presenteou o filho mais velho de Picciani com um ministério.
A PF batizou a nova operação de Quinto do Ouro, em referência ao imposto cobrado na época da Colônia. O PMDB transformou o Rio numa grande capitania hereditária. Cabral só deixou de explorá-la ao ser recolhido a Bangu. Pezão continua no Palácio Guanabara, e Picciani ainda se julga em condições de chefiar a Assembleia. Depois da condução coercitiva, só a bancada do PSOL ousou defender seu afastamento do trono.

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