sexta-feira, 30 de junho de 2017

Indicada para ser “engavetadora”, Raquel Dodge pode decepcionar o Planalto


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Nada indica que Raquel vá abafar a Lava Jato
Leandro ColonFolha
A indicação da procuradora Raquel Dodge para a sucessão de Rodrigo Janot na chefia da Procuradoria-Geral da República naturalmente vem carregada de questionamentos. Dodge foi a segunda colocada na lista tríplice da categoria, ou seja, não seria a preferida número um dos colegas. É considerada adversária de Janot dentro da PGR e tem o nome vinculado nos bastidores a figuras próximas de Michel Temer, como o ministro Gilmar Mendes e o ex-presidente José Sarney.
Afinal, ela vai assumir o papel de engavetadora da Lava Jato e das investigações contra o presidente que a indicou para o cargo mais importante de sua carreira?
DESAFIO ÚNICO – É precipitado, para não dizer injusto, qualquer tipo de julgamento prévio sobre sua conduta no cargo de comandante do Ministério Público Federal.
Dodge terá pela frente um desafio único: expor-se a um país impactado pelas revelações de corrupção na alta cúpula da política, “melando” todo um trabalho feito nos últimos três anos, ou manter intacta sua biografia, cujo ápice foi a investigação do “Mensalão do DEM” em 2009, que desmantelou um esquema de roubalheira no governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal.
É também um equívoco apostar que ela assumirá a chefia da PGR sem apoio da categoria. Dodge tem história e respeito dentro da Procuradoria.
ELEIÇÃO DIVIDIDA – Na eleição interna da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), obteve 587 votos, ante 621 de Nicolao Dino, uma diferença pequena e que mostra uma categoria dividida. Ela tem respaldo de boa parte dos colegas – até porque não está escrito em nenhum lugar que Temer deveria ter respeitado a ordem de escolha. Se assim fosse, nem lista tríplice haveria, mas um único nome seria levado ao Planalto.
Recentemente, Dodge disse à Folha ter “compromisso de integral e plena continuidade do trabalho contra a corrupção da Lava Jato, [operações] Greenfield, Zelotes e todos os demais processos em curso, sem recuar, nem titubear”.
Ela tem o direito e o dever de corrigir equívocos e abusos (que não são poucos) do Ministério Público Federal, mas será cobrada pela garantia que tem dado de assegurar o “compromisso” com a investigação contra a corrupção no país.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Excelente análise de Leandro Colon, diretor da Folha em Brasília, confirmando a informação de José Carlos Werneck aqui na TI. Nada indica que Raquel Dodge vá jogar na lata do lixo sua biografia, com quatro ministros do TSE fizeram recentemente. Certas biografias já estão até sendo transformadas em folhas corridas. O poder embriaga, às vezes constrói, mas também destrói. (C.N.)

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