sexta-feira, 2 de junho de 2017

Nem Freud conseguiria explicar o fenômeno da corrupção brasileira


Resultado de imagem para corrupção e freud chargesNatália LambertCorreio Braziliense
O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso desde novembro de 2016, é acusado de comandar um esquema de propinas que arrecadou mais de R$ 500 milhões no Brasil e movimentou mais de US$ 100 milhões no exterior. O ex-ministro dos governos petistas Antonio Palocci (PT-SP) teria recebido R$ 128 milhões ilegais — parte seria destinada à legenda. O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) teria de passar teria recebido US$ 1,5 milhão em propinas do esquema Petrobras e R$ 52 milhões em propina das empresas Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia, além de R$ 20 milhões para atuar em favor dos interesses da Odebrecht no Rio Madeira.
Na Lava-Jato, foram feitas denúncias de 24 senadores envolvidos no esquema de propinas. Listado pelo codinome “Campari” na tabela de propinas da Odebrecht, o ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF) teria recebido R$ 10,2 milhões ilegalmente. E há mais de 100 deputados, além de governadores e prefeitos que se envolveram em corrupção.
CASOS PATOLÓGICOS – Doutor em administração pela PUC-SP, Renato Santos é autor de uma tese que busca entender a lógica da cabeça de um fraudador e organizou o pentágono do crime. “São cinco condições que levam a pessoa a cometer uma fraude, que é dividida em três tipos: corrupção, apropriação indevida (desvios, furtos) e demonstração fraudulenta (lavagem de dinheiro).”
De acordo com o especialista, as cinco condições assim se dividem: 1) Racionalização, que é justificar para si o porquê se está fazendo aquilo – “Se eu não fizer, outro vai fazer” ou “esse sempre foi o sistema”; 2) Oportunidade, que é algo que o poder traz; 3) Capacidade, já que o fraudador tem de saber operar e esconder o esquema; 4) Pressão, exercida pelas pessoas em volta, da classe social, do próprio ambiente — “aceitou uma vez, vai ter que aceitar sempre”; 5) Disposição, porque corre riscos, embora tenha a percepção de impunidade.
“É a certeza de que tudo vai acabar em pizza. O próprio mensalão deu mais força aos políticos corruptos, já que as consequências foram muito pequenas.” Por fim, Santos destaca o prazer e a adrenalina de se fazer uma coisa errada. “A pessoa se sente muito poderosa e, com isso, vem o prazer, o testar limites”, diz Renato Santos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A reportagem de Natalia Lambert é muito oportuna, porque a corrupção brasileira tornou-se um fenômeno surpreendente. Trata-se de casos patológicos da era contemporânea, a serem estudados pelos especialistas em Medicina Legal, porque nem Freud consegue explicá-los(C.N.)

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