Pedro do Coutto
Foi na noite de domingo, na parte final do programa do Faustão na Rede Globo, que a bailarina Ana Botafogo cobrou de forma direta e firme o pagamento dos salários atrasados dos artistas e funcionários do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Municipal foi nome herdado pelo governo estadual, mas na realidade ele nunca deixou de pertencer à administração do estado. Mas esta é outra questão. O fato é que artistas e funcionários públicos, da mesma forma que inúmeras outras carreiras do serviço público do Rio de Janeiro, continuam sem receber o pagamento em dia do seu trabalho.
Ana Botafogo destacou que estava apenas cobrando os vencimentos pelos legítimos trabalhos prestados. E para isso nesta terça-feira, mais uma vez, artistas vão se apresentar de forma gratuita à população realizando espetáculo nas escadarias pisadas através dos tempos por artistas como Enrico Caruso, Beniamino Gigli, Renata Tebaldi, Margot Fonteyn e ela própria, Ana Botafogo, contribuindo para tornar mágico aquele acesso hoje transformado em palco de legítimo protesto.
ASTROS E ESTRELAS – Entre os artistas que iluminaram o TM deve se acrescentar Nelson Rodrigues, Fernanda Montenegro, assim como Paulo Autran e Maria Della Costa na peça “Depois da Queda”, de Arthur Miller, sobre seu próprio casamento com Marilyn Monroe.
Toda população está convidada para momentos de arte e protesto na tarde de hoje, terça-feira. Como convite de Ana Botafogo foi geral pode-se esperar a presença de pelo menos um diretor do Bradesco, banco que adquiriu o direito de operar a folha de pagamento do governo Luiz Fernando Pezão. Pelo menos temos de admitir que tal operação, adquirida por um bilhão e 200 milhões de reais, não está funcionando concretamente. Pois se estivesse não estaria mais acontecendo os humilhantes atrasos que tanto angustiam todos os meses mais de 100 000 pessoas e famílias.
Não estou dizendo que o Bradesco seja o culpado dos atrasos do pagamento. Entre esses atrasos o 13º salário de 2016. Estou dizendo que o banco deveria esclarecer publicamente não ser ele o culpado pelo descalabro. Deveria explicar por que injeta páginas e páginas de anúncios nos jornais dizendo que reconhece o valor dos servidores públicos. Se o banco reconhece o valor dos servidores públicos, assume indiretamente seu interesse em que os vencimentos sejam pagos em dia.
A voz de Ana Botafogo foi a voz dos angustiados em decorrência do fato de o governo do Rio de Janeiro não cumprir suas obrigações legais.
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